Citar versículos ou aplicar conceitos na hora de aconselhar?
No aconselhamento cristão, é importante ir além da simples citação de versículos bíblicos e buscar aplicar, de maneira sábia e contextual, os ensinamentos das Escrituras ao problema específico que está sendo enfrentado. Embora citar a Bíblia tenha valor — como vemos em 2 Timóteo 3:16, onde Paulo diz que "Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar" — o simples ato de recitar passagens pode, em alguns casos, parecer superficial se não houver um esforço de compreensão e aplicação mais profunda.
Assim, enquanto a citação da Escritura é um recurso importante, o verdadeiro impacto está na capacidade de aplicar seus ensinamentos de maneira prática e específica. Essa abordagem promove mudanças duradouras e ajuda o aconselhado a enxergar sua vida à luz do evangelho.
Vamos considerar mais um exemplo prático de aconselhamento cristão para alguém que está lutando com ansiedade:
João é um cristão que tem sofrido com ansiedade constante relacionada ao trabalho e ao futuro. Ele procura aconselhamento, preocupado com seu estado mental e emocional. Como conselheiro, você decide usar a Bíblia como ferramenta, mas de forma que realmente ajude João a aplicar os princípios bíblicos à sua situação.
Em primeiro lugar, você pergunta a João como ele tem lidado com a ansiedade e o que acredita estar causando essa preocupação. Ele compartilha que está constantemente preocupado em perder o emprego e não conseguir sustentar sua família.
Você pode citar Filipenses 4:6-7, que diz: "Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus". No entanto, em vez de apenas recitar o versículo, você o ajuda a entender o contexto e o propósito dessa passagem, explicando que Paulo estava escrevendo isso enquanto estava preso, mas ainda assim confiava plenamente em Deus. O foco aqui é mostrar que a paz prometida vem quando levamos nossos fardos a Deus em oração.
Após explicar o versículo, você ajuda João a aplicar esses princípios à sua situação. Pergunte a ele: "Como podemos entregar essas preocupações a Deus em oração? O que significa, na sua vida, confiar que Deus está no controle?" Você pode incentivá-lo a escrever suas preocupações e, em seguida, transformá-las em orações, pedindo a Deus para lidar com cada uma delas.
A seguir, você pode trabalhar com João para mudar a maneira como ele vê sua situação. Apresenta a ele a soberania de Deus, usando Mateus 6:25-34, onde Jesus nos diz para não nos preocuparmos com o amanhã, pois Deus cuida até dos pássaros e flores do campo. Isso pode ajudar João a entender que Deus está no controle, mesmo quando as coisas parecem incertas. Por fim, você pode sugerir a João práticas concretas para lidar com a ansiedade, como estabelecer um tempo regular de oração, jejum ou leitura da Palavra. Ajude-o a criar um plano para meditar diariamente em passagens que reafirmam a confiança em Deus, como Salmo 23 ou 1 Pedro 5:7, onde somos chamados a lançar sobre Deus toda a nossa ansiedade, porque Ele cuida de nós.
Comentários
Postar um comentário