SOLA GRATIA - O GRITO DA REFORMA PARA O SÉCULO XXI

Textos usados:
Ezequiel 36.16-31;
Romanos 3.23-24;
Romanos 11.6;
Efésios 1.7-8;
Efésios 2.8-9.

Introdução

O crescimento do humanismo e a idolatria no coração do homem, tentaram a todo custo tirar o mérito da graça de Deus, depositando-o nas boas obras ou esperando em falsos ídolos. Diante deste cenário corrompido pela mentalidade humana, a Igreja grita: "Sola Gratia”.

O problema histórico

Tentar justificar a salvação com base nas ações humanas. Esse foi um dos primeiros problemas enfrentados pela Igreja primitiva. Em Atos 15, os apóstolos enfrentaram um problema parecido com os fariseus, que começaram a pregar a salvação de cristãos por meio da circuncisão. A grande questão é que, mesmo sendo salvos pela graça de Deus, os novos convertidos precisavam ser circuncidados para concretizar a obra de Cristo na cruz. Desde então o cristianismo vive lutando contra esse tipo de heresia que tenta definir a ação do homem como determinante na salvação, excluindo assim, a graça completa de Deus.

Como vimos nos estudos anteriores, o catolicismo romano incluiu muitas barreiras para a salvação e mesmo depois de morto, os parentes tinham de fazer algumas coisas para que o falecido tivesse o tão sonhado descanso eterno.
Para o catolicismo na época da reforma, a salvação era concretizada a partir de uma série de ações humanas, não apenas pela graça de Deus, mas de padres, do papa e da pessoa que buscava a salvação. Aliás, vale mencionar que aqui no blog foi publicado um texto onde o ex-padre Dr. Aníbal Pereira Reis relata proximidades entre doutrinas pentecostais modernas e o catolicismo. Isso inclui a incerteza quanto à salvação. Algo que acabou entrando na igreja protestante após o desenvolvimento das doutrinas arminianas. A grosso modo, o modelo católico romano era tão complicado que provavelmente, se fosse real, apenas padres e freiras se salvariam.

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Dentro do movimento católico romano, a doutrina da graça começou a ser atacada com mais força a partir das doutrinas de um certo monge chamado Pelágio (350-423 d.C) e de seus debates contra o bispo Agostinho (354 - 430 d.C.).
Pelágio e seus seguidores ensinavam que a salvação não era exclusivamente pela graça de Deus e que pela obediência aos mandamentos era possível ser salvo também. Mesmo que o Espírito Santo não tivesse despertado certa pessoa, ela poderia ser salvo por sua própria conta pela obediência aos mandamentos, algo que foi duramente criticado pelo Apóstolo Paulo no primeiro século. Pelágio perdeu bastante credibilidade na igreja católica, mas com o tempo suas doutrinas foram sendo introduzidas e aperfeiçoadas até chegar ao modelo que vemos hoje em dia.
Os ataques contra a graça de Deus atravessaram gerações e, após a reforma protestante, se infiltraram na igreja a partir de um pastor muito popular na época, chamado Jacó Armínio (1560 - 1609). Armínio não era exatamente “arminiano” ou “pelagiano”, mas após debates acalorados contra teólogos católicos, foi persuadido a defender a doutrina do amor de Deus assumindo uma postura diferente sobre a graça e eleição divina. Foi por esse teólogo que a doutrina do livre-arbítrio (antes defendida em outras religiões) entrou na igreja protestante, causando diversos problemas dentre os quais cito o afastamento de membros da igreja, a mudança na mensagem do evangelho e o desejo desenfreado de ser livre acima daquilo que Deus permite sermos. A igreja precisou adaptar a mensagem do Evangelho, pois as pessoas agora precisam se convencer de que realmente precisavam de Jesus, foi assim que o chamado à conversão incluiu a ideia de que devemos ajudar Jesus a nos salvar.
Estas mudanças criaram, ao longo dos anos, um tipo de evangelho centrado no homem, assumindo novamente a fórmula salvífica dos fariseus, ou seja, a salvação só pode ser concluída se o homem fizer isso ou aquilo. Diferente do que a Bíblia ensina o tempo inteiro.
Na área de membros do canal Teologia EATRE, foi postado um estudo chamado “Calvinismo para Arminianos”, onde é apresentado a história do calvinismo de maneira simples e direta enquanto buscamos uma resposta bíblica para todos os problemas que o chamado “sinergismo” causou à igreja.
O grito da reforma sobre a Graça de Deus, procura nos lembrar de que a salvação é um presente de Deus, não um pagamento ou troféu. Como veremos mais adiante, não há nada que o homem possa fazer para conquistar, manter ou comprar sua salvação, por isso, não fosse a graça de Deus, ninguém seria salvo da condenação eterna.

O problema moderno

A igreja moderna enfrenta diversos problemas quanto a doutrina da graça, quero citar três deles, os quais precisamos lutar constantemente:

1) A salvação pela obra do homem. A ideia de que Deus espera o livre-arbítrio do homem para em seguida o salvar talvez seja o maior ataque da igreja moderna à mensagem bíblica da salvação. Com muitos exemplos a Bíblia mostra pessoas sendo transformadas pela ação única do Espírito Santo a partir da pregação do evangelho. A mensagem é pregada e o Espírito Santo convence o homem do seu pecado e o leva ao arrependimento. Quando invertemos a ordem da salvação, o homem passa a ditar as regras e o Deus soberano, descrito nas Escrituras, passa a ser servo do homem. Se o homem não quiser ser salvo, Deus não tem poder, nem autoridade para salvá-lo. Essa ideia é basicamente uma blasfêmia moderna, negada por arminianos quando exposta, mas presente em suas mensagens, seus livros e filosofia.

2) A banalização da graça de Deus: Enquanto algumas igrejas negam, outras extrapolam a doutrina da graça e faz da igreja um pequeno clube onde cada um vive da maneira que quiser. Não estou dizendo que você precisa fazer isso ou aqui para ser salvo pela graça, mas que a Graça de Deus opera em nós uma mudança interior que é nitidamente perceptível. Se dissermos que somos salvos pela graça e continuarmos vivendo como antigamente, não fomos então salvos pela graça de Deus, pois o resultado positivo da salvação é a ação sobrenatural de Deus em nós, mudando, com o tempo nosso coração e mente e nos fazendo pensar mais nas coisas do alto.

3) Esquecer o que significa graça: Ser salvo pela graça é o mesmo que ser salvo sem merecer. O termo é usado no Novo Testamento quando trata de uma bênção que recebemos mesmo não merecendo, logo, não adianta tentar merecer ser salvo ou conquistar a salvação. No final das contas nenhum de nós merece ser salvos, por isso dizemos que somos salvos pela graça de Deus, ou seja, pelo favor imerecido.

Infelizmente em muitas igrejas a mensagem da graça de Deus tornou-se o meio pelo qual, líderes atraem clientes, ao invés de membros. A mensagem sempre doce e bela, pode não ser a mensagem da cruz e infelizmente esse tipo de mensagem atrai mais do que o Evangelho, porém, não salva ninguém. A doutrina da salvação é uma mensagem clara e séria sobre como Deus escolheu salvar para si um povo dentre muitos na terra. Valorizá-la é buscar a verdade enquanto glorifica o Deus de graça que nos salvou.

A resposta bíblica

A Bíblia é tão clara sobre a graça de Deus que, usar mais de um texto para afirmar isso é duvidar da credibilidade das sagradas escrituras.
O retrato espiritual do povo de Deus, no Antigo Testamento e o envio de Jesus para pagar pelos nossos pecados (Mt 1.21) refletem como um espelho a atuação da graça de Deus a nosso favor (Ez 36.16-31). O resumo paulino sobre a salvação é suficiente para entendermos que Deus graciosamente nos salvou:
"Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:4-9).

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A salvação é uma expressão do amor de Deus, não das nossas boas obras. Ela é concedida sem que mereçamos e se Deus esperasse algo positivo da nossa parte para merecê-la, jamais seríamos salvos. A salvação não pode ser conquistada com as leis criadas por líderes religiosos, pois eles também são pecadores. Não pode ser conquistada pela lei de Deus, pois falhamos com ela diariamente. Se Deus, por sua boa vontade, não tivesse salvo alguns, ninguém seria salvo! Se um líder pressionar alguém para que conquiste ou mereça tal salvação, esta pessoa viverá sofrendo e talvez, quando morrer, será condenada ao inferno, pois, a obra do Espírito Santo não foi operada nela para a salvação. Vejam o peso que certas igrejas impõe sobre tantas pessoas para que tentem se “auto” salvar.
A salvação é um presente, não é uma conquista. Glorifique a Deus por tê-lo salvo ao invés de tentar merecê-la, pois isso sim agrada ao nosso Senhor.

Definição reformada:

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.
(fonte: http://www.monergismo.com)

E agora? O que fazer?

  • Você entende que não merecia ser salvo?
  • Glorifique a Deus pela obra da salvação, só Ele é merecedor;
  • A graça de Deus não apenas nos salva, mas muda o nosso coração. O que mudou em você desde que foi salvo por Ele? O que precisa mudar ainda?
  • Ore a Deus agradecendo pela sua graça, converse com Ele sobre as suas novas impressões acerca do assunto.

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