Calvinistas e gnósticos concordam sobre a doutrina da eleição incondicional?

Calvinistas e gnósticos concordam sobre a doutrina da eleição incondicional?

N.E.: Para esse texto utilizei como recurso principal o ChatGPT, pois precisava sintetizar melhor os temas e trazer referências antigas sobre ele. Como o chat não é "evangélico", ou "calvinista" e "arminiano", considero como uma fonte boa suficiente para não puxar sardinha para ninguém. No entanto adicionei algumas notas no texto para que fique mais claro a diferença entre os dois pensamentos. A necessidade do texto surgiu com um ataque ao calvinismo vindo de crentes arminianos. Alguns dizem que somos gnósticos por ensinar a doutrina da eleição incondicional, algo que não é verdadeiro, como você poderá ler daqui para baixo.

A doutrina da eleição incondicional ensinada na teologia reformada cristã é muito diferente da visão dos gnósticos sobre a mesma questão. Na verdade, essas duas visões são quase opostas em muitos aspectos.
A doutrina da eleição incondicional afirma que Deus escolheu algumas pessoas para a salvação antes mesmo de nascerem, independentemente de qualquer mérito ou escolha que elas tenham feito. Em outras palavras, a salvação é inteiramente uma obra de Deus, e não depende da vontade humana ou de qualquer coisa que as pessoas façam.

Em contraste, os gnósticos acreditavam em uma forma de predestinação que era baseada na escolha humana. Segundo a visão gnóstica, as pessoas eram predestinadas com base em suas próprias escolhas e ações, e não por um decreto divino incondicional. Isso significava que a salvação era vista como algo que as pessoas conquistavam por seus próprios méritos e esforços, em vez de ser um dom de Deus.
 
[N.E.: Vejam que aqui está o coração da doutrina reformada, nós cremos que Deus escolheu pessoas para a salvação sem ter merecimento algum. Como Paulo ensina, a salvação é pela graça, não pelas obras. Enquanto isso o gnosticismo ensinava um tipo de eleição meritória, onde a divindade escolheria com base no que viu sendo feito. É como se a divindade olhasse para o futuro e considerasse a obra do homem para escolher o seu destino eterno]

Além disso, os gnósticos geralmente rejeitavam a ideia de que Deus era o criador do mundo material, e acreditavam que o mundo material era imperfeito e corrompido. Em contraste, a doutrina da eleição incondicional ensinada pelos reformados cristãos enfatiza a soberania e bondade de Deus como o criador de todas as coisas, incluindo o mundo material.

Em resumo, embora ambas as visões tenham algo a dizer sobre a predestinação e a escolha divina, a doutrina da eleição incondicional e a visão gnóstica são essencialmente opostas em sua compreensão da natureza da salvação e da relação entre Deus e o mundo material.
 
[N.E.: Tão opostas quanto calvinismo e arminianismo, como você poderá ver na sequência do texto. O próximo tópico não trata oficialmente das semelhanças entre arminianismo e gnosticismo, mas sobre como os gnósticos ensinavam a doutrina da eleição e predestinação e curiosamente as ideias são muito semelhantes]

Como a doutrina da predestinação gnóstica se aproxima da doutrina arminiana?

Algumas escolas gnósticas enfatizavam a predestinação com base nas escolhas das pessoas, enquanto outras negavam a possibilidade de escolha humana e enfatizavam a necessidade de uma graça divina mais forte.

Um texto gnóstico que apresenta uma visão sobre a predestinação com base nas escolhas das pessoas é o "Evangelho de Tomé", que é um dos textos encontrados na Biblioteca de Nag Hammadi. No logion (ditado) 58, Jesus diz aos seus discípulos:

"Bem-aventurado aquele homem que sofre tentação, porque aquele que suportou será coroado. Aquele que procurou, encontrará, e para aquele que bater, será aberto."
Este logion sugere que as recompensas espirituais são concedidas aos que procuram, batem e suportam as tentações. Em outras palavras, a escolha e a ação humana são fundamentais na obtenção dessas recompensas.
 
[N.E.: Veja que o texto é essencialmente gnóstico e representa uma falsificação do verdadeiro ensino cristão. Aqui o autor está imitando o que Tiago ensinou em Tg 1.12 em que o autor trata das bênçãos de Deus para aqueles que passam pelas provações e tentações desta vida. Mas o mesmo autor, Tiago neste caso, em 1.17,18 ensina que todas as coisas boas vem de Deus e que somos "gerados" pela sua Palavra - não pelas nossas obras, mas pela sua Palavra da verdade. Ou seja, ao invés de exaltar o livre arbítrio humano como aquele capaz de fazer, criar ou buscar coisas boas, o autor diz que elas vem de Deus. Não apenas que são de Deus, mas que só podem vir dEle. Isso demonstra que o sinergismo gnóstico agia como agem hoje os arminianos, distorcendo passagens bíblicas para apoiar suas heresias]

Outro texto gnóstico que apresenta uma visão semelhante é o "Evangelho de Felipe", que também faz parte da Biblioteca de Nag Hammadi. No capítulo 78, o texto diz:
"Aqueles que estão destinados a vida, são conhecidos pelo Senhor, antes do início do tempo. Eles serão manifestados quando vierem e serão salvos. Mas eles mesmos o escolheram. Eles escolheram a vida quando ainda estavam com o Pai, e receberam o nome daqueles que são bons. Aqueles que não são bons, não receberão o nome dos bons, mas receberão o nome daqueles que não são bons, uma vez que eles não escolheram a vida."
 
Este texto sugere que aqueles que estão destinados à vida são conhecidos por Deus antes do início do tempo, mas que eles mesmos escolheram essa vida. Aqueles que não escolheram a vida são identificados como aqueles que não são bons. Em outras palavras, a escolha humana é vista como um fator importante na obtenção da salvação.
 
[N.E.: Esse tipo de ensino é difundido por arminianos quando vão explicar o termo presciência. Dizem que a eleição aconteceu porque Deus previu aqueles que creriam no evangelho, não pela sua graça ou por seu amor, mas pela decisão do homem, prevista [por Deus] antes da fundação do mundo. Geralmente usam o texto de Pedro para isso (1Pe 1.2). Lendo o texto, porém, não encontramos qualquer referência à escolha humana como determinante para a salvação, antes Pedro fala sobre uma obra do Pai, Filho e Espírito Santo. Uma referência à obra perfeita de Deus para a salvação que foi prevista antes mesmo de recebermos na terra. Nesse aspecto a doutrina calvinista se afasta muito do gnosticismo e o arminianismo se aproxima demais]

Esses textos gnósticos apresentam uma visão de predestinação com base nas escolhas humanas, que é semelhante à doutrina da eleição incondicional em algumas tradições cristãs. No entanto, é importante notar que as diferentes escolas gnósticas tinham visões divergentes sobre essa questão e que nem todos os textos gnósticos enfatizam a escolha humana como um fator importante na salvação.

Fazer o bem e o mal é diferente de escolher a salvação?

Fazer o bem e o mal pode ser entendido como uma escolha moral que as pessoas fazem em sua vida diária. No entanto, quando se trata de salvação, há uma diferença significativa. A salvação é entendida como a redenção divina da humanidade do pecado e da morte, e a entrada na vida eterna junto a Deus.

De acordo com a doutrina cristã, a salvação é concedida por Deus como um dom gratuito, que não pode ser conquistado por meio das obras humanas. A salvação é alcançada através da fé em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, e da graça divina que é dada por meio do Espírito Santo.

Embora a escolha entre o bem e o mal possa ter um impacto em nossa vida espiritual, ela não é o mesmo que escolher a salvação. A salvação é um dom divino que é concedido a todos aqueles que colocam sua fé em Cristo, independentemente de suas escolhas passadas ou presentes.

[N.E.: É comum que religiões pagãs, como o gnosticismo, concordem com algumas doutrinas verdadeiras, como a eleição incondicional calvinista (ainda que não seja esse o caso), mas isso não as faz idênticas, pois entre os dois primeiros séculos, os gnósticos tentaram uma aproximação superficial dos cristãos e para isso acontecer de forma rápida era comum concordarem em algumas questões. O problema ficava maior quando um cristão saia da Igreja e passava a se reunir entre os gnósticos, a partir desse ponto, as diferenças ficavam cada vez maiores]

Então por que os pais da Igreja não concordavam com a doutrina da eleição incondicional?
Simples, eles rejeitavam a doutrina da eleição gnóstica, mais parecida com o arminianismo do que com o calvinismo. E estavam certos em rejeitá-la. Se Deus nos elegesse pelas nossas escolhas poderíamos realmente ficar tranquilos quanto ao nosso pecado, pois, uma vez que Ele nos escolheu, todo o restante já estava resolvido.
A diferença é que o calvinismo não ensina uma vida de impiedade por causa da eleição incondicional, muito pelo contrário, o primeiro capítulo, o mais básico e simples, do Catecismo Maior de Westminster ensina que o fim principal do homem é glorificar a Deus e se satisfazer nEle para sempre. Ou seja, o fim principal do homem é viver em santidade com Deus, algo que totalmente contrário ao nosso livre arbítrio, uma vez que, por conta própria desejamos o pecado e apenas pela ação do Espírito Santo passamos a desejar a piedade cristã (cf. Ez 36.27).
Porém, se me lembro bem de um ensino gnóstico é que eles ensinavam que poderiam satisfazer os desejos carnais (geralmente isso se resumia a sexo e comilança) a fim de satisfazer a carne, já que a salvação deles era apenas espiritual - enquanto nós, calvinistas e arminianos, ensinamos que no céu estaremos em corpo e alma (corpo regenerado, mas ainda assim físico).

O problema nos pais da Igreja é que, por rejeitar completamente a doutrina gnóstica da eleição, acabaram criando uma doutrina cristã do livre arbítrio, que não tem relação com o cristianismo, mas com outras doutrinas pagãs. Como bem demonstra o chatGPT:

"A doutrina do livre arbítrio tem uma longa história na filosofia e teologia ocidentais. As ideias fundamentais da doutrina do livre arbítrio podem ser encontradas nas obras dos antigos filósofos gregos, como Platão e Aristóteles.

Platão argumentou que os seres humanos têm livre arbítrio para escolher seus caminhos na vida, mas que o conhecimento é a chave para fazer escolhas corretas. Ele acreditava que a alma humana era imortal e que as escolhas que fazemos em vida afetam nossa condição após a morte.
 
[N.E.: Veja como Platão se aproximou tanto do que os gnósticos e arminianos ensinavam? Não é a toa que muitos dizem que o gnosticismo não passava de uma espécie de neoplatonismo, algo que influenciou e/ou fez surgir o neoplatonismo no século III - no final postei um texto sobre eles]

Aristóteles, por outro lado, acreditava que o livre arbítrio era uma capacidade humana essencial e que as escolhas que fazemos são o resultado da deliberação racional. Ele argumentou que as escolhas morais são fundamentais para a vida boa e que a virtude é o caminho para alcançá-la.

Na teologia cristã, a doutrina do livre arbítrio tem suas raízes nas obras dos primeiros pais da igreja, como Justino Mártir e Irineu de Lyon. Eles acreditavam que os seres humanos têm livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal, mas que a salvação depende da graça divina".
 

O que era o neoplatonismo e quais eram as doutrinas principais?

O Neoplatonismo foi uma corrente filosófica e religiosa que surgiu na Grécia Antiga no século III d.C. e se estendeu até o século VI d.C. Foi fundada por Plotino, um filósofo de Alexandria que se inspirou na filosofia de Platão para criar sua própria escola de pensamento.

O Neoplatonismo era uma tentativa de unir a filosofia grega com a tradição religiosa oriental, especialmente a religião egípcia e o misticismo oriental. A doutrina neoplatônica enfatizava a importância do conhecimento intuitivo e da contemplação para alcançar a verdade divina.

Os neoplatônicos acreditavam em uma hierarquia de seres divinos que se estendia desde o Uno, o princípio supremo e transcendente, até o mundo material, que era considerado uma mera sombra ou cópia imperfeita do mundo divino. Eles também acreditavam na existência da alma humana como uma faísca divina que podia ser purificada e elevada através da contemplação e do conhecimento.

O Neoplatonismo exerceu uma grande influência sobre o pensamento cristão na Idade Média, especialmente sobre os pensadores da Escolástica. Também influenciou a filosofia islâmica e judaica medieval, bem como o pensamento renascentista e a filosofia moderna.

Quais eram as doutrinas principais dessa linha de pensamento?

As doutrinas principais do Neoplatonismo podem ser resumidas da seguinte maneira:
  • O Uno: O Neoplatonismo acreditava na existência de um princípio supremo e transcendente, que era chamado de Uno. O Uno era considerado a fonte de toda a realidade e a causa de tudo o que existe.
  • A hierarquia divina: De acordo com o Neoplatonismo, existia uma hierarquia de seres divinos que se estendia desde o Uno até o mundo material. Esses seres eram chamados de Emanações e cada um deles era uma manifestação do Uno.
  • A alma: O Neoplatonismo acreditava na existência da alma como uma faísca divina que estava presente em todos os seres vivos. A alma humana era considerada como uma parte da hierarquia divina e podia ser purificada e elevada através da contemplação e do conhecimento.
  • O conhecimento intuitivo: O Neoplatonismo enfatizava a importância do conhecimento intuitivo e da contemplação para alcançar a verdade divina. Através da contemplação, a alma podia alcançar a união com o Uno.
  • A teurgia: O Neoplatonismo acreditava na existência de uma prática religiosa chamada teurgia, que era uma forma de invocação e evocação dos seres divinos. A teurgia era vista como uma maneira de alcançar a união com o Uno e de purificar a alma.

Essas doutrinas foram desenvolvidas por Plotino, o fundador do Neoplatonismo, e foram aprimoradas por seus sucessores, como Porfírio e Jâmblico. O Neoplatonismo exerceu uma grande influência sobre a filosofia, a religião e a cultura em geral durante a Idade Média e a Renascença.

Essas doutrinas foram infiltradas no cristianismo?

Algumas das doutrinas neoplatônicas foram incorporadas ao cristianismo por alguns teólogos cristãos, especialmente na Igreja Oriental, como Orígenes e Gregório de Nissa, que foram influenciados pelo Neoplatonismo. Esses teólogos cristãos tentaram conciliar as doutrinas cristãs com as ideias neoplatônicas, afirmando, por exemplo, que o Logos, a segunda pessoa da Trindade, era a Emanação divina mais próxima do Uno.

No entanto, outros teólogos cristãos, como Agostinho de Hipona, criticaram o Neoplatonismo e argumentaram que a salvação era alcançada apenas através da graça divina e da fé em Cristo, e não através do conhecimento ou da contemplação. Agostinho desenvolveu a doutrina da predestinação, que afirmava que a salvação era um dom divino que Deus concedia a quem Ele escolhia, independentemente do mérito humano.

Em resumo, o Neoplatonismo teve uma influência significativa sobre o pensamento cristão, especialmente no Oriente, mas sua incorporação no cristianismo foi limitada e controversa.

[N.E.: Sempre aviso a vocês que a igreja católica, com o tempo passou a ser influenciada pelo gnosticismo. Vejam os pais da igreja tentaram adaptar as doutrinas neoplatônicas ao cristianismo, é sobre isso que estou falando. Aparentemente a noção de livre arbítrio é mais uma doutrina implantada no cristianismo após a morte dos apóstolos de Cristo]

[N.E.: Portanto, o calvinismo não foi influenciado pelo gnosticismo, muito pelo contrário, o primeiro "calvinista" a rejeitar as doutrinas pagãs foi Agostinho de Hipona, um dos maiores defensores da fé que mais tarde foi chamada de Reformada ou Calvinista]

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