A Parábola da Vida



Certo homem saiu a caminhar em direção a uma grande festa que haveria fora de sua cidade, o dia havia passado e agora havia apenas noite e a escuridão era seu único parceiro.
Havia apenas um caminho para a festa, e tal caminho era mais escuro do que os outros, mas o homem tinha uma lanterna. Então se preparou para sair com muita comida, dinheiro e apenas uma lanterna velha com pilhas gastas e saiu pelo caminho.

A festa fora muito divulgada, porém nem todos preferiram ir para ela, assim o caminho estava quase vazio. Ruas de barro, esburacadas e cheias de pedra aguardavam o homem em sua frente enquanto saia de sua cidade, onde vivia uma vida sem problemas e com muitos privilégios.
Ao chegar ao início de sua escura jornada o homem ajeita sua mochila nas costas e apertando o botão velho da lanterna mais de uma vez consegue enxergar parte de seu caminho. Olhando para frente não viu tanta dificuldade como diziam os moradores daquela região, por isso seguiu em frente, sempre prestando atenção na luz fraca e pálida de sua lanterna velha.

Após um tempo andando olhou para mais a frente e viu que uma barraca com bastante luz o aguardava e ficou surpreso por ver em todo tempo apenas uma pessoa parada pelo caminho, então chegando à barraca o homem tirou a grande mochila de suas costas, apagou a lanterna e colocou tudo no chão com um sorriso de surpresa e felicidade.

“Grande caminhada, meu irmãozinho, deve estar cansado!” Disse o homem de dentro da barraca.
“Não, ainda não estou cansado, apenas confuso. Este é o caminho que me leva à grande festa mesmo?” Replicou o homem com o mesmo sorriso estampado no rosto.

“Vejo que és um homem corajoso, está no caminho certo, porém notei que sua lanterna está ainda muito fraca, assim cedo ou tarde ficará sem luz. Tenho aqui algumas pilhas e poderia trocar com você por alguma comida, caso se interesse!”

O homem aceitou sua recomendação e em troca de duas pilhas deu-lhe alguns pães, colocou-se pronto a partir e saiu pelo caminho que cada vez mais se tornava escuro e de difícil acesso, mesmo assim o homem não desistiu.

Algum tempo depois de uma longa caminhada o homem encontrou com outro que caído pelo caminho chorava pedindo socorro. Quando se viram lado a lado o homem gritou para que lhe desse algo de comer, eis que estava faminto, mas o longo caminho pela frente e o cansaço físico do andarilho não permitiram parar e ajudar o pobre homem perdido, assim seguiu em frente em seu caminho.

O homem estava cansado, seus passos já não o ajudavam muito quando passou por ele uma mulher correndo e em plena forma, ao passar por ele parou e olhou para trás.
“Olá andarilho, vejo que estás cansado, levante-se e continue a caminhar, pois já estamos bem perto da festa.”

O homem estranhou que uma mulher conseguira ir tão longe sem levar consigo roupas, comida e aparentemente nem dinheiro. “Como posso continuar? Estou cansado, tenho apenas uma bateria velha que um homem trocou comigo por alguns pães me enganando. Não tenho certeza de que chegarei um dia a esta festa, vou ficar e comer um pouco. Como você conseguiu chegar tão longe sem se cansar e sem carregar comida, ou bebida?”

“Não pare agora, peço-te, se parar agora sua lanterna vai se apagar e não há outro lugar onde comprar mais pilhas velhas. Nem comida, nem bebida me trouxeram até aqui, nem tampouco dinheiro pode nos levar a esta grande festa, foi isto que um andarilho perdido me disse após eu entregar tudo a ele!”
O andarilho não acreditou na estranha história que a mulher contou, pegou seus pertences e continuou a caminhar lentamente pelo caminho e aos poucos o peso de sua mochila foi ficando cada vez maior e sua lanterna cada vez mais escura enquanto ele pensava no rosto daquele homem deixado para trás, será que era verdade? Perguntava-se ele, mas isso não foi suficiente para fazê-lo abandonar seu peso e continuar. Assim passaram mais quatro horas de caminhada.

Andando um pouco mais pode ouvir gritos de alegria e muita música, assim apressou-se em chegar ao local, porém sua lanterna estava quase apagada e isso fez com que se perdesse no caminho.
Ao chegar ao local da festa, o homem jogou sua bolsa ao chão e chorando lamentava ter encontrado os portões da festa já fechado. Após longo tempo de choro e lamento o homem se levantou e caminhando até o portão focou com sua lanterna no bilhete colado que dizia:

“Todos os convidados chegaram, exceto aqueles que se deixaram atrasar pelos pesos da vida e o apego as coisas deste mundo, para estes não há mais tempo. Assinado: Dono da festa”
Devair da Silva Eduardo

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