O Mestre Verdadeiro - Série: Palavras do Mestre 01
O mestre verdadeiro
Na data que escrevo este texto sou pai a pouco mais de
quatro anos. E ultimamente um estranho sentimento tem algumas vezes tirado a
minha paz, vou dividir isso com você hoje e talvez você seja pai e concorde
comigo. Ser pai é muitas vezes uma tarefa triste e cansativa. Isso porque
quando precisamos entrar em ação muitas e muitas vezes somos o lado duro da
família, aquela voz que precisa ser firme e resolver um conflito rapidamente,
muitas vezes ficamos como maus aos olhos dos filhos e sim essa sensação é
temporária para eles. A maioria compreende o papel do pai na família e ao invés
de deixar o rancor crescer ama o pai ainda mais, pois percebe que esse lado da
família é importante para o equilíbrio e felicidade de todo grupo familiar.
Ser, pai e ser mestre são duas coisas bem parecidas. Precisamos
ser ao mesmo tempo amoroso, consolador e duro. Muitas vezes frios e inflexíveis
a respeito de alguns assuntos e conflitos e isso algumas vezes nos passa um
peso maior do que podemos carregar, de fato, ser um pai e um mestre exige um
espírito forte e dedicado. Sem muitas distrações já que o futuro de nossa casa,
de nossos filhos e o nosso próprio depende de como lidamos com certas situações.
E quem me dera todas fossem doces e delicadas. Jesus precisou ser ao mesmo
tempo um Deus de amor e um Mestre duro. Inflexível em alguns casos e bem
diferente do que a maioria das pessoas gostaria que ele fosse. Certa vez ele
chegou a chamar seu próprio discípulo Pedro de “satanás” quando o explicou
sobre estar se enganando sobre o que ele haveria de passar aqui na Terra. Pedro
como filho de um grande Mestre não se escandalizou. Tudo indica
que após estas duras palavras ambos estavam prestando atenção ao que Jesus ensinara. “Pedro tomou-o de parte e
começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti. Isso de modo
nenhum te acontecerá. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim,
Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço; não compreendes as coisas que são de
Deus, e, sim as que são dos homens.” (Mt 16.22,23).
Imaginar Jesus como um cordeiro doce e inofensivo é tão
inocente quanto crer nos dias de hoje que não podemos sofrer terríveis consequências
do pecado como muitos o fazem. Muito pelo contrário, muitas palavras de Jesus
eram duras, fortes demais para sua época e necessárias para que a pedra da
religiosidade fosse posta abaixo abrindo caminho para que outras pessoas
tivessem acesso ao seu Reino, para que pessoas de coração duro pudessem ser quebrantadas
e feitas de novo. Como um pai faz quando descobre seu filho cometendo um erro
grave. Ele o ama e o quer bem, mas precisa usar toda sua força para que além de
não cometermos mais os mesmos erros entendamos a importância de buscar evitar
outros erros que nos levam para longe de si. Algumas pessoas, terrivelmente más
buscam um Jesus doce, inferior e que não ataque o seu pecado, essas pessoas são
como aquelas que por poucas palavras abandonaram o mestre para continuar vivendo
suas vidas de distanciamento do único capaz de dar a vida eterna.
Naquela tarde quente e seca, muitos buscaram um Jesus doce e
delicado. Talvez imaginassem ele como um cordeiro, mas suas palavras soaram
como um som de um leão. Foram duras, mostraram seus erros e tentou corrigir
para aproximá-los ainda mais de si, porém não era correção que aqueles homens
buscavam. Eles queriam algo que os fizessem se sentir bem apesar de seus erros.
Não alguém que mudasse seus conceitos, ainda que os mais simples de todos. Jesus começou
dizendo “Em verdade, em verdade vos digo
que me buscais, não pelos sinais miraculosos que vistes, mas porque comestes do
pão, e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida
que permanece para a vida eterna, a qual o filho do homem vos dará, porque
Deus, o pai, o marcou com o seu selo”. E terminou aquela tarde com um
triste relatório: “A partir de então,
muitos dos discípulos voltaram atrás e já não andavam com ele. Então perguntou
Jesus aos doze: Não quereis vós também retirar-vos?” (João 6.66-67).
As palavras de Jesus continuam duras em alguns momentos de
nossas vidas, diferente de mim ele não sente remorso por ser duro com seus
filhos porque sabe que, se for simples demais, doce demais, caminharemos rumo à
destruição. Ele nos ama demais para nos ver caminhando a passos largos em
direção errada e por isso muitas vezes somos chamados de forma tão estranha que
voltamos instantaneamente aos caminhos do mestre, afinal são caminhos que levam
a vida eterna! E você? Tem ouvido ou ignorado a voz do mestre?
Devair S. Eduardo
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