O que é a "inspiração plenária" da Bíblia? (Algumas considerações)


 
A inspiração plenária das Escrituras significa que a Bíblia em sua totalidade é inspirada por Deus. Isso pressupõe que não há parte alguma nela que não seja inspirada. Um dos textos principais em que se apoia a inspiração plenária é:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça. (2 Timóteo 3:16)
 
Dizer que toda a Bíblia é inspirada, desde Gênesis até Apocalipse, é uma definição correta, mas, devido aos ataques à Bíblia que surgiram ao longo dos séculos, precisamos aprofundar mais sobre o assunto.

Os falsos postulados que defendem uma inspiração parcial

Ao longo da história, homens incrédulos se dedicaram à alta crítica, dizendo que a Bíblia é inspirada apenas parcialmente. Nesse esforço, surgiram dois postulados:
  1. Uma inspiração que variava em grau, conforme as diferentes partes da Bíblia; e onde o grau de inspiração era mínimo, admitiam-se erros e imperfeições.
  2. Uma inspiração parcial, limitando-a às partes que se referem à fé e à moral, admitindo erros nas de caráter histórico e geográfico.

Para muitos críticos textuais, considerando a Bíblia como um livro parcialmente inspirado por Deus, as características de inerrância e infalibilidade deixaram de ser dogma, permitindo manipular o texto sagrado como se fosse um livro comum de literatura antiga.
 

Ataque à autoria literária de certos livros da Bíblia

Como resultado, cada escritor bíblico foi colocado sob análise, especialmente nos séculos XIX e XX, para tentar decifrar se os livros da Bíblia correspondiam à autoria que a igreja sempre acreditou. Por exemplo, questionou-se se o Pentateuco foi escrito por Moisés. A crença conservadora atribui a Moisés os primeiros cinco livros da Bíblia, admitindo que os últimos capítulos de Deuteronômio poderiam ter sido escritos por Josué, já que falam da morte de Moisés. Reiteradamente, Jesus atribui a lei a Moisés (Lucas 24:44, João 7:23). Mas a postura liberal destrói a crença na autoria de Moisés no Pentateuco e atribui sua origem a diversas tradições orais e escritas. Julius Wellhausen, um dos principais defensores dessa teoria, a chamou de Hipótese dos Estratos. Incrivelmente, essa hipótese contradiz as palavras de Jesus:
Porque, se vocês acreditassem em Moisés, acreditariam em mim, porque ele escreveu sobre mim. (João 5:46)

O perigoso enfoque da neo-ortodoxia

No século XX, o teólogo Karl Barth apresentou uma sutil, mas agressiva, crítica à revelação de Deus. Barth argumentava que a Bíblia "se torna a Palavra de Deus" quando é lida e crida, diferindo da posição ortodoxa que sustenta que a Bíblia é intrinsecamente a Palavra de Deus inspirada. Barth afirmava que a Bíblia não possui autoridade objetiva como Palavra de Deus, mas depende da experiência subjetiva de revelação através de Cristo. Isso destrói o conceito de inspiração plenária.

A visão da "desmitologização"

Rudolf Karl Bultmann, seguindo a neo-ortodoxia de Barth, foi mais longe, dizendo que a Bíblia está revestida de um manto mitológico adquirido pelas culturas de seu tempo. Bultmann argumentava que, ao despir a Bíblia desse manto mitológico, encontramos a verdadeira palavra de Deus. Tanto Barth quanto Bultmann afetaram profundamente os conceitos de revelação e inspiração plenária.

Uma interpretação correta da inspiração plenária

Jesus disse: "Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus" (Lucas 4:4). Estamos certos de que toda a Bíblia é a Palavra de Deus e nosso alimento espiritual. Não há partes mais ou menos inspiradas; todas têm o mesmo grau de inspiração. Deus é o autor da Bíblia. Como afirmou J. W. Burgon:

"Não ganhamos nada ao especular quanto deve ser atribuído ao 'elemento humano' e quanto ao 'elemento divino'. É a Palavra de Deus. Devemos estar satisfeitos que tudo tem 'a inspiração de Deus'. A Bíblia é um livro igualmente inspirado em sua totalidade pelo Espírito de Deus. A linguagem do Espírito Santo é infalível. Não ousamos buscar erros em uma coleção de escritos cujo autor é Deus."

Internamente, externamente e pela fé, a Bíblia é toda: a inerrante e infalível Palavra de Deus!

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Fonte: [site da Sociedad Bíblica Trinitaria]

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