Dízimo e oferta cristã. Uma análise sincera

Sumário da postagem:

0 - Dízimo
1 - Dízimo no Antigo Testamento
  A – Caim e Abel
  B – Abrão e Melquisedeque
  C – A instituição do dízimo e da oferta
  D – A lei está morta?
2 - Dízimo no Novo Testamento
  A – Jesus cita o templo como exemplo
  B – Jesus purifica o templo
  C – A coleta e organização quanto às ofertas
3 - E agora?

Dízimo e oferta cristã. Uma análise sincera

Dízimo

Tenho visto um pensamento crescente sobre o fato de termos de entregar ou não o dízimo, muitos irmãos em Cristo e até alguns que se dizem “professores” ensinam que de fato o Novo Testamento não exige dízimo de ninguém e isso tem levado algumas pessoas sinceras à uma confusão espiritual.

Estamos em 2018, muitas igrejas tem aparecido do nada, o que realmente não é uma coisa comum, e as pessoas se perguntam cada vez mais sobre o que é dízimo e se devemos continuar com esta prática que, segundo alguns “especialistas” reflete a lei e não a Cristo. Será que eles tem mesmo razão? Antes eu preciso lembrar de onde surgiu o dízimo, vejamos:


O que é dízimo?
Muitas pessoas vão responder essa pergunta afirmando que o dízimo é uma instituição da lei no Antigo Testamento, não é uma resposta totalmente errada, apenas incompleta. Isso porque o ato de dar o melhor de tudo que se colheu ou ganhou é registrado na Bíblia em eventos anteriores à saída do povo do Egito, ou seja, não é apenas no deserto que ele foi instituído, para chegarmos a essa conclusão precisamos dar um passo para trás agora.

Dízimo no Antigo Testamento

Já que o dízimo foi criado ou instituído no Antigo Testamento é de suma importância analisarmos ele à luz dos textos mais antigos, por isso vamos ver de onde surgiu ele, não apenas como 10% de alguma coisa e sim como uma forma de adoração ao Deus verdadeiro.

Contrário ao que se espera, o dízimo não é uma prática do povo que fugiu do Egito, existem dois textos anteriores que nos mostram coisas no mínimo interessantes sobre essa cultura, vejamos quais são elas:

A – Caim e Abel
E no passar do tempo, aconteceu que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel, ele também trouxe das primícias e da gordura do seu rebanho” (Gênesis 4.3-4).

Caim e Abel representam os primeiros filhos de Adão e Eva, senão o são realmente, e o texto nos mostra que assim que se tornaram adultos ambos se empenharam em trabalhos manuais. Caim como agricultor e Abel como cuidador de ovelhas. No primeiro relato de pessoas que trabalharam na terra ambos, Caim e Abel decidem dar ao Senhor uma oferta. Algo que tiraram do seu próprio trabalho, Caim foi o primeiro, o homem que teve a disposição de doar algo a Deus, algo que ele havia cuidado por algum tempo e que era digno de servir como oferta agradável a Deus; logo em seguida, talvez vendo que Caim teve uma boa ideia Abel decide também ofertar algo a Deus, porém, Abel não ofertou simplesmente algo que havia produzido, segundo a Bíblia NVT: “Abel, por sua vez, ofertou as melhores porções dos cordeiros dentre as primeiras crias de seu rebanho”.
Temos aqui algo como que o dízimo, a décima parte que aprendemos a tirar antes de qualquer coisa, ou seja, os primeiros frutos do nosso trabalho vão para Deus.

Das duas ofertas, Deus gostou mais de Abel e o texto mostra que Deus por algum motivo realmente gostou primeiro de Abel e depois de sua oferta, Caim fez uma oferta comum e Abel ofereceu o seu melhor. Ainda que Deus tenha escolhido a de Abel isso não excluiria a oferta de Caim, o texto não dá margem para acharmos que a oferta de Caim era ruim, apenas que Deus havia olhado para a de Abel talvez por esta refletir o plano divino da nossa redenção, ou ainda que Deus não tenha aprovado a oferta de Caim pois conhecia o seu coração e por isso nem mesmo uma oferta o isentaria de um crime que cometeria mais tarde, enfim, como estamos tratando do dízimo não vou me ater a estes detalhes que poderiam trazer ainda mais reflexão para nós, vamos tratar sobre isso outro dia. Fato é que vemos aqui duas pessoas ofertando o fruto do seu trabalho a Deus, o qual não instituiu aqui nada, não exigiu nenhuma oferta ou dízimo, o texto mostra que eles simplesmente o fizeram e pode nos levar a conclusão de que Caim e Abel adoraram a Deus com aquilo que haviam trabalhado para obter, algo que também soa parecido com o dízimo cristão, não o dízimo de uma teologia forçada que tem tomado conta das igrejas; o dízimo cristão diz que nós entregamos a Deus o que lhe pertence e isso é uma forma de adorarmos a Ele, o dízimo de uma teologia nefasta que temos hoje diz que por entregarmos dízimos Deus vai nos abençoar. De um lado alguém está dizendo: entrego o melhor do meu trabalho pois Deus me abençoou – do outro alguém está clamando: Entregue todo seu dinheiro para ser abençoado por Deus. Isso mostra que as nossas motivações são tão importantes quanto à nossa entrega. Deus sonda o nosso coração e a nossa mente e conhece os nossos motivos antes mesmo de materializarmos.
Senhor tu me sondas e me conheces” (Salmos 139.1)

B – Abrão e Melquisedeque
E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho, e ele era o sacerdote do Deus Altíssimo. E ele o abençoou, e disse: “Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou teus inimigos em tuas mãos”. E lhe deu dízimos de tudo” (Gênesis 14.18-20).

Eis o texto mais famoso citado por aqueles que negam a oferta e o dízimo, segundo eles este texto se refere a uma oferta de guerra… estranha definição, outros que não estudam sobre a guerra no Antigo Testamento afirmam que Abrão ofertou itens roubados, não vou me ater a estas faltas de informações básicas e saltarei direto ao nosso ponto.
De forma bem simples, o texto nos informa que após uma gerra entre nove reinos o primo de Ló é pego como escravo de guerra e Abrão com um exército de 318 homens resgata Ló e durante uma batalha da qual eles vencem recolhe os espólios. Após isso há um encontro entre o rei de Sodoma, cidade de Ló e dos itens que Abrão havia conquistado; o rei de Salém, misterioso Melquisedeque; e Abrão. Focaremos no acontecimento entre Abrão e Melquisedeque como mostrado no texto acima.

Aqui mais uma vez não vemos algo sendo instituído, Abrão simplesmente entrega o dízimo ao sacerdote Melquisedeque e este o abençoa por algo que Deus fez por ele, importante essa definição de benção pois, Melquisedeque não o abençoa pelo que Deus faria a Abrão e sim pela vitória que Deus já havia dado a ele. Vemos isso na oração do sacerdote quando afirma : “que entregou teus inimigos em tuas mãos” no verso 20. E após esse brevíssimo relato o rei de Salém Melquisedeque desaparece quase que para sempre em toda a Bíblia.
O que nos leva a pensar ser a oferta ou dízimo como algo normal no Antigo Testamento é o fato de que Abrão não precisa aprender o que é, o texto mostra que ele fez e continua a contar seu relato. Portanto, temos algo muito parecido com o primeiro relato de oferta, a única diferença é que aqui ele é chamado de dízimo e dois detalhes são importantíssimos neste texto. O primeiro é que o ato de dizimar não havia sido instituído por Deus ao seu povo nessa época, o segundo é que ainda não haviam sacerdotes instituídos também, mas ambos aparecem no texto.

Talvez uma resposta mais simples de entender é que Deus nunca precisou ensinar isso antes do deserto, era algo que acontecia por sua própria vontade mas que possivelmente fora esquecido pelo povo que mais tarde viveria no Egito como escravo, dessa maneira podemos entender que Deus não ordenou nada a partir do deserto, ele pode ter apenas reensinado o povo aqueles costumes que sempre existiram, como o próprio sacrifício oferecido por Isaque anos antes de ser instituído o mesmo; sendo assim fica mais fácil compreender que o povo no deserto precisava receber as leis de Deus, pois por ter ficado tantos anos vivendo no meio de um povo idólatra e com teologias formadas, haviam esquecido como era adoração ao Deus verdadeiro.
Após estas duas referências podemos partir para o momento em que o dízimo foi instituído por Deus ao povo do deserto.

C – A instituição do dízimo e da oferta
8 - O Senhor disse a Arão: - Eis que eu dei a você o que foi separado das minhas ofertas, com todas as coisas consagradas dos filhos de Israel; dei-as por direito perpétuo como porção a você e aos seus filhos. 21 - Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda do encontro”. (Números 18.8,21)

Aqui fica instituído o uso dos dízimos e ofertas e em todo o capítulo 18 o que envolve toda essa regra. Vou usar aqui dois comentários externos sobre isso.

Ofertas: “As porções sacrificiais mais sagradas eram reservadas para o consumo de Arão e seus filhos, como recompensa por suas pesadas responsabilidades (Arão era o Sacerdote). Essas porções consistiam em alguns itens que eram levados aos recintos mais sagrados da Tenda do Encontro (veja Lv. 6.1-7.10). Esse alimento não podia ser compartilhado por suas família, como acontecia com outras porções que estavam ritualmente puros e, portanto, santos o bastante para consumir dádivas sagradas”.

Dízimos: “Ao que tudo indica, a prática de destinar um décimo da produção (cereais, frutos e animais) como salário para os sacerdotes era exclusiva dos israelitas – Uma vez que os levitas não haviam recebido nenhuma porção da terra na distribuição feita após a conquista, eles deveriam ser sustentados pelo povo por meio do dízimo. Deve ser mencionado, no entanto, que os levitas também pagavam o dízimo de tudo o que recebiam a Arão e sua família, o que demonstrava uma clara distinção entre os levitas e os sacerdotes.”

Fica claro portanto, que os dízimos e ofertas eram para manter a Tenda, não tendo nenhuma pretensão a ser usado para outra coisa como alguns insistem em provocar. Os valores, sejam eles quais fossem, que entravam na igreja eram usados para manter a igreja, não para outros fins como alguns insistem em tentar instituir. Para tais pessoas existe uma trecho da lei que os favorecem, mas este precisa ser observado de forma completa para não causar mais divisões, lembremos que a palavra de Deus é a nossa regra de fé e prática e não o nosso achismo, leiamos o trecho em que é ensinado sobre outras formas de uso dos dízimos e ofertas:
No fim de três anos, trarás todo o dízimo de teu acréscimo no mesmo ano, e o colocarás dentro das tuas portas; e o levita (porque não tem parte nem herança contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estiverem dentro das tuas portas, virão e comerão, e se saciarão; para que o Senhor teu Deus possa te abençoar em toda a obra de tuas mãos que fizeres.”(Deuteronômio 14.28,29).

Não significa que Deus não se preocupe em ajudar o pobre, o texto apenas não ensina usar os dízimos e ofertas para esse fim, mas Ele não abandona seus filhos carentes, muito pelo contrário ele deixou regras muito claras sobre como tratar os filhos carentes e os estrangeiros dentro do seu povo. O problema aqui é que muitos querem que a igreja faça o que Deus mandou eles fazerem, as regras referente à colheita deixa isso muito claro pois ajudar os pobres e os estrangeiros era uma tarefa de todo o povo, não apenas da Tenda, ou templo ou igreja. É uma responsabilidade social que envolve todos os crentes, para mais sobre este assunto leia atentamente todo o capítulo 19 de Levítico.

Vamos a um comentário sobre o texto em questão: “Um aspecto fundamental da tradição legal israelita envolvia garantir o sustento dos grupos de pessoas classificadas como indefesas ou pobres: as viúvas, os órfãos e os estrangeiros (veja Êx. 22.22; Dt. 10.18,19; 24.17-21). Assim, o dízimo referente ao terceiro ano (não um dízimo adicional) devia ser separado e usado no sustento dos menos favorecidos da sociedade.

D – A lei está morta?
Quando lemos algo referente à lei de Deus expressa no Antigo Testamento temos a inclinação de tê-la por morta uma vez que somos salvos pela graça de Deus. Porém, este não é o melhor método de ver a lei, ela não está morta e segundo Jesus jamais estará se depender dele. Veja o que Jesus ensina sobre a lei:
"Não penseis que eu vim destruir a lei ou os profetas; eu não vim para destruir, mas para cumprir. Porque na verdade eu vos digo: Até que passem o céu e a terra, um iota ou um traço de letra, não passará da lei, até que tudo seja cumprido. Portanto, qualquer que quebrar um destes mínimos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino do céu; aquele, porém, que os praticar e ensinar, será chamado grande no reino do céu. Porque eu vos digo que se a vossa justiça não exceder a justiça dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino do céu." (Mateus 5.17-20)

Então como associamos esta mensagem de Jesus ao que Paulo nos ensina sobre a lei? Simples, Paulo quer dizer o tempo todo que nós não conseguimos cumprir a lei para sermos salvos e de fato não conseguimos cumpri-la, porém, fomos salvos pela graça e não por obedecer a lei e ninguém é condenado por não cumpri-la, para isso basta compreender o que é eleição e predestinação, mas ainda sobre a lei o que precisamos tomar nota é que ela não pode salvar alguém, essa salvação é realizada por Deus e não pelo cumprimento da mesma, como vemos em Efésios 2.1-9; lemos no verso nove: “Não vem de obras, para que ninguém se glorie”.

Ora, se as leis de Deus morreram em Jesus porque então obedecemos elas sem perceber? Você mesmo obedece a lei de Deus sempre que honra seu pai e sua mãe, toda vez que ama seu próximo como a ti mesmo ou toda vez que rejeita participar de um ato adúltero, seja físico ou mental. São coisas determinadas na lei de Deus e que nós obedecemos o tempo todo, afirmar que elas estão mortas é o mesmo que afirmar que não precisamos mais adorar a Deus como superior, como excelso e verdadeiro Deus, pois é na lei que descobrimos o seguinte:
"Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa de servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, ou qualquer semelhança de alguma coisa que está em cima no céu, ou que está embaixo na terra, ou que está na água abaixo da terra." (Êxodo 20.2-4)

O que faremos com as leis quanto ao sábado entre outras leis cerimoniais antigas? Outra questão que divide opinião e gera muita polêmica. Precisamos compreender como as leis de Deus chegaram aos crentes após a ressurreição de Jesus e que algumas dessas leis já não eram usadas na época de Jesus sendo que pelo menos duas ele mesmo ensinou a não continuar cumprindo, como no caso da mulher pega em adultério, texto descrito em João 8 aonde o Mestre nos ensina sobre o apedrejamento de pessoas pegas em adultério, lei estabelecida no Antigo Testamento e a lei do Sábado em que Jesus contrário ao pensamento geral trabalha como descrito em Mateus 12.1-8. Como compreender tudo isso? Há uma profecia muito útil para entender como isso acontece, leiamos ela:
Então aspergirei sobre vocês água pura, e ficarão limpos. Eu os purificarei de sua impureza e sua adoração a ídolos. Eu lhes darei um novo coração e colocarei em vocês um novo espírito. Removerei seu coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês meu Espírito, para que sigam meus decretos e tenham o cuidado de obedecer a meus estatutos” (Ezequiel 36.25-27)

Pois bem meus irmãos, os decretos e estatutos de Deus são impressos em nossa mente desde o nascimento. Aprendemos eles lendo a Bíblia e eles são confirmados pelo Espírito Santo em nossa mente dia a dia para que nós, que não dependemos da lei, pratiquemos por amor e por desejar cumprir aquilo que Deus nos mandou fazer. A lei não foi destruída em Jesus, aprendemos a servir a Deus com elas, com aquelas que ele mesmo quer que sigamos e isso nos é ensinado conforme crescemos na fé. Sendo assim e com textos tão claros, porque deixar de adorar a Deus com o nosso dinheiro ou com o fruto do nosso trabalho? Algo bem simples de ser feito e que claramente é aprovado por Deus. Apenas aqueles que não compreendem a importância da adoração vão dizer que isso não é uma regra ou algo que deve ser abandonado. De certo não é uma lei, é uma honra.
Vimos até aqui como o dízimo e as ofertas eram apresentadas no Antigo Testamento, olhamos para uma época muito distante de nós e agora vamos olhar para o Novo Testamento e tentar conciliar esses costumes com os textos que temos.

Dízimo no Novo Testamento


Sobre o Novo Testamento uma coisa é certa, a palavra dízimo não é mencionada diretamente o que me leva a crer que o tema não tenha sido necessário uma vez que vemos uma igreja completamente aberta a doar e contribuir financeiramente com o povo de Deus, porém, vemos muito a palava oferta e a mesma não se limita a 10% como no caso do dízimo, algumas vezes ela é vista como algo muito superior à margem estipulada chegando a ser vista como o valor de um terreno inteiro, como no caso de Barnabé, da comunidade cristã primitiva e de Ananias e Safira visto em Atos 4.32-5.11. citarei apenas uma parte do texto para que você compreenda a extensão do termo oferta:
"E a multidão dos que criam era um só coração, e uma só alma, e ninguém dizia que algo do que possuía fosse seu, mas tinham todas as coisas em comum. E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e havia uma abundante graça sobre todos eles. E não havia nenhum necessitado entre eles; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o valor das coisas que foram vendidas, e as depositavam aos pés dos apóstolos. E distribuía-se a cada homem segundo a sua necessidade." (Atos 4.32-35).

Em contraste a este movimento de entrega total e por amor, vemos o péssimo exemplo de Ananias e Safira que desejando parecer bons ou santos planejaram enganar Pedro e os irmãos na fé e foram julgados e condenados instantaneamente pelo poder do Espírito Santo, o que nos leva ao primeiro exemplo deste texto, isso nos leva de volta às ofertas de Caim e Abel.

Quanto aos levitas, é muito difícil definir exatamente o que aconteceu com eles. Não há informações concretas sobre como e quando eles deixaram de servir no templo. O que podemos afirmar é que a tribo de Levi deixou de existir e é possível que tenha sido em uma das investidas contra o povo de Deus e na época de Jesus não temos certo se outras pessoas assumiram seu lugar ou se isto de fato parou de ser observado. Vamos observar daqui por diante as ofertas oferecidas no templo.
A – Jesus cita o templo como exemplo
"Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e segue teu caminho: primeiro reconcilie-te com teu irmão, e então vem, e oferece a tua oferta." (Mateus 5.23-24)

O ensino principal aqui é sobre a ira e o assassinato. Jesus ensina a importância de estarmos bem uns com os outros e isso influencia até mesmo a nossa adoração a Deus. Ele está citando o mandamento sobre assassinato, descrito em Êxodo 20.13 e mostrando quais atitudes estão dentro do contexto apresentado por Deus a Moisés, novamente Jesus está nos ensinando a observar a lei da forma como Deus quer; diferente do que alguns insistem em afirmar quanto ao ato de abolir a lei. O simples fato de odiarmos alguém já nos incluí como pecadores diante de Deus, segundo a sua lei e passivos de qualquer castigo divino quanto ao nosso pecado, ainda que, tais castigos hoje não representam o ato de sermos enviados ao inferno uma vez que a nossa salvação não depende mais da lei e sim da graça de Deus. Seremos castigados pelos nossos pecados na terra para que voltemos ao caminho certo.

Vamos agora prestar atenção ao pano de fundo usado por Jesus para tal ensino, nele vemos uma pessoa que está indo entregar sua oferta no templo, mas, espere… Jesus não aboliu a lei e essas coisas faziam parte da lei? Então por que está usando esse exemplo para ensinar? Simples, ele não aboliu a lei. Quanto ao exemplo de Jesus estou só, pois, ninguém que eu tenha acesso comenta sobre o pano de fundo usado por Ele, mesmo assim o vemos, ele está lá.

Muitos podem dizer: “Mas isso é só um exemplo, não quer dizer que ele ensine a cumprir”. E então eu poderia citar o verso 24 onde lemos “e então vem, e oferece a tua oferta” e ainda mais, podemos notar isso em Mateus 8.4 onde lemos:
"E disse-lhe Jesus: Olha, não o digas a nenhum homem; mas vai pelo teu caminho, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés ordenou, como testemunho para eles".

Acima de todas as coisas apresentadas nos textos acima, este exemplo nos leva também ao primeiro exemplo deste estudo. Jesus mostra que as nossas motivações precisam estar alinhadas à nossa vontade de adorar a Deus, como no caso de Caim que teve sua oferta deixada de lado. Deus conhece o nosso coração e não conseguimos enganá-lo. Dizimar ou ofertar estando em pecado sem arrependimento não é o melhor caminho para o povo de Deus. Ele diz: “Dê a sua oferta, porém, antes disso esteja em paz com seus irmãos”.

B – Jesus purifica o templo
"E, estando próxima a Páscoa dos judeus, Jesus subiu para Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas assentados; e, tendo feito ele um chicote de pequenas cordas, expulsou todos do templo, e as ovelhas e os bois; e derramou o dinheiro dos cambistas, e derrubou as mesas, e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. E lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará" (João 2.13-17)

A páscoa era o momento em que o povo judeu comemorava a libertação do Egito, era a mesma comemoração derivada do registro de Êxodo 12.23-27, nela o povo ia para Jerusalém a fim de oferecer ofertas e sacrifícios como de costume e judeus espalhados por todo mundo vinha também. É aqui que entra a ganância do povo responsável pelo templo, eles se aproveitavam da oportunidade para transformar o templo em uma verdadeira feira vendendo aquilo que as pessoas deveriam trazer para as ofertas e sacrifícios. Talvez este seja o ponto mais importante para vermos como os líderes deixaram de adorar a Deus e começaram a adorar o dinheiro, este movimento cresceu suficiente para confundir pessoas no mundo todo inclusive hoje muitos sofrem com o mesmo problema.

Esta passagem é importante para mostrar que Jesus se importava com a cultura estabelecida no Antigo Testamento, de certo ele não está ordenando fazer sacrifícios animais ou algo parecido, porém, vemos como ele teve o zelo de limpar o templo de pessoas corruptas.

Outro ponto de vista muito importante está no fato de que Jesus cumpriu ali algo que tenho dito até agora no texto e é expresso no livro de Malaquias, polêmico Malaquias. Vejamos o que se passa:
"1 - Eis que eu enviarei o meu mensageiro, e ele preparará o caminho diante de mim; e o Senhor, a quem vós buscais, virá de repente ao seu templo; até o mensageiro do pacto, em quem vos deleitais; eis que ele virá, diz o Senhor dos Exércitos.
2 - Mas quem poderá permanecer no dia da sua vinda? E quem ficará de pé quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do refinador e como o sabão dos lavandeiros.
3 - E ele se assentará como refinador e purificador de prata; e ele purificará os filhos de Levi, e os purgará como ouro e como prata, para que eles possam oferecer ao Senhor uma oferta em justiça.
4 - Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.
" (Malaquias 3.1-4)

Com isso poderíamos imaginar que após a morte e ressurreição de Jesus a igreja tenha acabado… mero engano. Logo após a ressurreição de Cristo os seguidores foram perseguidos e muitos deles mortos, porém, os planos de Deus quanto a sua igreja não demoraram a aparecer e aos poucos surgiam locais de adoração, sejam escondidos ou não, onde se ensinava a salvação em Cristo Jesus. O período de trevas da igreja primitiva foi bastante intenso, mas a igreja de Jesus foi finalmente estabelecida e uma das pessoas mais influentes quanto à plantação e estabelecimento de igrejas é o apóstolo Paulo e o que nós vemos sobre tais igrejas, já num estágio mais avançado, é que os membros colaboravam com ofertas, agora de forma ainda mais intensa e sincera que anteriormente mostrado pelos fiéis do templo.

Muitos conhecem o relato de Barnabé, registrado em Atos 4.36 seguido dos relatos de Ananias e Safira em 5.1-11 em que vemos pessoas vendendo bens para colaborar com a igreja e os apóstolos. Por serem muito conhecidos iremos para outros textos onde vemos o mesmo empenho a respeito das ofertas e concluiremos o tema com alguma coisa que seja útil para nosso entendimento e a nossa prática cristã.
C – A coleta e organização quanto às ofertas
"Quanto a pergunta sobre o dinheiro que vocês estão coletando para o povo santo, sigam as mesmas instruções que dei às igrejas na Galácia. No primeiro dia de cada semana, separem uma parte de sua renda. Não esperem até que eu chegue para então coletar tudo de uma vez. Quando eu chegar, entregarei cartas de recomendação aos mensageiros que vocês escolherem para levar sua oferta a Jerusalém. E, se for conveniente que eu também vá, eles viajarão comigo" (1 Coríntios 16.1-4)

Algumas igrejas passavam por sérios problemas e consequentemente os crentes também, de certa forma em todo mundo eles passavam. Eram perseguidos e mortos e ainda haviam problemas sociais entre o povo de Deus, muitos deles estavam pobres e sem saída. Vemos aqui uma adaptação ou evolução a respeito do assunto.

Se os dízimos e ofertas eram usados para manter a igreja, ter seus membros mantidos também era importante para a própria igreja. E era essa a preocupação de Paulo, dar suporte aos pobres que faziam parte da igreja. Outro detalhe que vale a pena lembrar é que, aqui não se usa mais o termo dízimo, dizem sobre ofertas e que serviam ás duas causas e de forma muito inteligente pois, dar suporte aos crentes mais pobres fazia com que toda a igreja fosse bem edificada.
O texto ainda nos informa que não havia uma quantia certa ou determinada, ou seja, agora não importava tanto quanto, o importante era ajudar o povo de Deus em apuros. Mostra também que tudo era muito bem organizado e que Paulo fazia questão de escrever a todos o que faria com as ofertas, esta estrutura e transparência mostra que a motivação não era ganhar dinheiro com isso e sim ajudar outras pessoas.

Vemos também nesta e em outras passagens que tais ofertas não eram destinadas a pessoas não crentes como forma de ação social, como alguns insistem em fazer. A missão dos apóstolos e dos crentes primitivos era de pregar o evangelho, ajudar financeiramente não era uma forma de convencer alguém a aceitar Jesus como salvador. Não era um método o que eles buscavam e sim a verdadeira mensagem de Deus, como nos ensina Paulo:
"E meu discurso e a minha pregação não estava em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não esteja na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1 Coríntios 2.4-5)
Mais sobre a grande crise que vivia os crentes pode ser lida em: Atos 11.27-30; Romanos 15.26.

Encerrarei esta seção com o comentário de John MacArthur sobre a quantidade estipulada no texto citado:
Conforme a sua prosperidade (ARA): Nenhuma quantidade ou percentagem obrigatória para a contribuição à obra do Senhor é especificada no NT. Toda a contribuição para o Senhor deve ser de livre e espontânea vontade e totalmente discriminatória (veja Lc. 6.38; 2Co. 9.6-8). Ela não deve ser confundida com a contribuição obrigatória do AT dos três dízimos (veja Lv. 27.30; Nm. 18.21-26; Dt. 14.28-29; Ml. 3.8-10), que totalizava aproximadamente 23 por cento anuais para financiar o governo nacional de Israel, cuidar das festas públicas e prestar assistência social. Paralelos atuais ao dízimo do AT são encontrados no sistema de tributação dos países (Rm. 13.6). A contribuição a Deus no AT não era ordenada quanto à quantia (veja Êx. 25.1,2; 35.21; 36.6; Pv. 3.9-10; 11.24).

E agora?


E agora? O que fazemos com tantas informações sobre o tema? Bom, precisamos pensar um pouco mais sobre onde estamos, as nossas motivações e as motivações dos nossos líderes. Sem isso vamos continuar presos na questão, eis agora a sua missão prática.

Se pensarmos como alguns, que por sinal não estão na igreja, quanto a contribuição destinada à mesma vamos acabar aceitando que não precisamos estar nela também. Porém, isso não mudará nada a respeito do que Deus faz e promete para sua igreja, estaremos apenas atrapalhando um plano que pertence a Deus e assumindo todos os riscos quanto a isso. Há um caminho melhor a seguir.

Temos informações que vão definir tudo, primeiro que essas são formas de adorar a Deus e ele se agrada com isso, temos a informação de que não existe um valor estipulado, podemos dar até mais que 10% e isso pode ser muito bem aplicado, seja quanto aos crentes carentes de nossa comunidade ou quanto à qualidade da igreja que frequentamos, todas são questões importantes.
Vemos a necessidade da própria igreja quanto ao dinheiro, uma vez que aluguel, água e luz não caem do céu e as contas podem ser astronômicas dependendo do local e quantidade de membros, ainda não mencionei que um pastor precisa receber quanto ele faz, claro, é o justo. Porém, pagar um pastor que não prega a verdade e não se preocupa de verdade com o Reino de Deus é com toda certeza desperdiçar tempo e dinheiro, o que fazer com as igrejas que pregam apenas vitórias e prosperidade? Abandonar elas. Até que se percebam que o que queremos é a verdade, as bençãos Deus já derrama sobre nós a muito tempo então o mínimo que tais pastores podem nos oferecer é a verdade. Fuja de igrejas que usam mal o seu dinheiro, mas não despreze o fato de que existem igrejas pregando a verdade, visite-as, conheça-as e você vai ser tomado de uma vontade imensa em participar e colaborar com a obra de Deus. O que fazer com os pobres? Eis a questão que muitos insistem em depositar nos ombros do pastor.
Não se esqueça que, entregar sua oferta e seu dízimo não o isenta de colaborar com os mais carentes, o pastor não é um agenciador de boas ações, são coisas que você mesmo precisa fazer e de preferencia compre aquela cesta básica que você espera que seja comprada com seu dízimo, pegue uma Bíblia, coloque tudo no carro e vá ajudar o seu próximo com a cesta e a palavra de Deus. 

Para finalizar gostaria de deixar claro que, entregar o dízimo ou oferta, sejam eles o valor que for, não o faz mais salvo do que já está e muito menos obriga a Deus a te abençoar mais por isso, do outro lado, deixar de observar estas coisas por não serem obrigadas no Novo Testamento não te faz mais justo do que você talvez seja, aliás, não existe nenhum homem justo na terra, porém faz de você alguém que não se preocupa ou interage de verdade com o Reino de Deus. Já pensou que você pode ser aquele crente que não quer colaborar, mas deseja ser bem recebido dentro da igreja? Recebido com honras até… fora de lógica, ainda que entregar o dízimo não o deixe mais digno, mas mostra claramente que você ama a obra de Deus aqui na terra.

Minha decisão quanto a isso é simples: Colabore com toda sua vida para o Reino de Deus, não há nada nesta terra que fará mais sentido do que isso, dê o dízimo, a oferta e se empenhe em fazer com que cada dia mais pessoas conheçam a Cristo Jesus, nosso salvador.

Devair S. Eduardo.

Este estudo foi possível graças à ajuda e colaboração dos membros do Grupo Palavras em Chamas no Whastapp.
Textos bílicos: KJF, NAA, NVT
Comentários de: Comentário Histórico-cultural da Bíblia – Ed. Vida Nova; Bíblia de Estudo MacArthur – Ed. SBB.

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