Teshuvá Judaizantes do século XXI


Mais um modismo judaizante no meio cristão

Teshuvá é um fenômeno que tem ganhado notoriedade nos últimos anos, especialmente entre pessoas que, vindas do cristianismo evangélico, passam a adotar práticas e crenças do judaísmo. O termo "Teshuvá" significa "retorno" ou "arrependimento" em hebraico, e no contexto desse movimento, refere-se a um suposto retorno às "raízes hebraicas" da fé. Embora haja variações dentro do movimento, a tendência geral é a adoção de costumes judaicos, como a guarda do sábado (shabat), das festas bíblicas e da dieta kosher, além de uma rejeição ao cristianismo histórico.

Esse movimento tem raízes em diversas correntes, como o movimento das "raízes hebraicas", o messianismo judaico (como os judeus messiânicos) e até tendências do adventismo. Algumas influências vêm do judaísmo rabínico e de interpretações legalistas da Torá. Muitos dentro do movimento negam a doutrina da Trindade, rejeitam o apóstolo Paulo e adotam versões próprias das Escrituras que minimizam o Novo Testamento. Além disso, há uma forte ênfase no uso do hebraico, incluindo a defesa de que o nome de Deus deve ser pronunciado de maneira específica (YHWH) e que Jesus deveria ser chamado apenas por seu nome hebraico (Yeshua).
O Movimento apresenta diversos erros teológicos graves. O primeiro deles é a rejeição da suficiência de Cristo e da graça. A Escritura ensina claramente que a salvação é somente pela graça, por meio da fé, e não pelas obras da lei (Efésios 2:8-9; Gálatas 2:16). No entanto, muitos adeptos desse movimento voltam-se para a guarda da lei mosaica como um meio de agradar a Deus, ignorando que Cristo cumpriu a Lei e inaugurou a Nova Aliança (Mateus 5:17; Hebreus 8:13).

Outro problema sério é a rejeição do apóstolo Paulo, que ocorre porque suas epístolas refutam a tentativa de reintroduzir a Lei como requisito para os cristãos. No entanto, Pedro já alertava que os escritos de Paulo eram inspirados e que aqueles que os torciam estavam se condenando (2 Pedro 3:16). Negar Paulo é negar a própria Escritura. Além disso, há um problema quanto à identidade do povo de Deus. O Novo Testamento ensina claramente que a Igreja é o verdadeiro Israel espiritual (Romanos 9:6-8; Gálatas 3:29), composta por judeus e gentios unidos em Cristo (Efésios 2:14-16). O Movimento Teshuvá, ao contrário, enfatiza uma separação entre judeus e gentios, sugerindo que os cristãos deveriam viver como judeus. Esse pensamento contradiz a própria essência do evangelho, que rompe barreiras e cria um novo homem em Cristo.

A Escritura é clara ao ensinar que Cristo cumpriu a Lei e nos libertou do jugo do legalismo. O autor de Hebreus explica que a Antiga Aliança foi substituída pela Nova (Hebreus 8:6-13). Paulo combateu diretamente aqueles que queriam impor a guarda da Lei sobre os gentios convertidos, chamando essa tentativa de um “outro evangelho” (Gálatas 1:6-9). Se a salvação depende da observância da Lei, então Cristo morreu em vão (Gálatas 2:21). Além disso, os cristãos não são chamados a voltar às sombras do Antigo Testamento, mas a viver na realidade de Cristo (Colossenses 2:16-17). A Igreja é o verdadeiro povo de Deus, e a identidade do crente não está na etnia ou na guarda de rituais judaicos, mas na fé em Cristo (Filipenses 3:3).

O Movimento Teshuvá é uma tentativa equivocada de retorno às "raízes hebraicas", mas na realidade, ele representa um retrocesso espiritual. Ele ignora o cumprimento da Lei em Cristo e distorce a identidade da Igreja. Como cristãos, devemos permanecer firmes na verdade do evangelho e rejeitar qualquer tentativa de legalismo que substitua a suficiência de Cristo. A salvação está somente n'Ele, e não na guarda de mandamentos cerimoniais que já cumpriram seu propósito em Cristo.

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