Os problemas da doutrina da eleição corporativa no Antigo Testamento



OS PROBLEMAS DA DOUTRINA DA ELEIÇÃO CORPORATIVA NO ANTIGO TESTAMENTO


Um certo texto no site CACP ensina que Deus elegeu pessoas no Antigo Testamento de forma corporativa, ou seja, Ele queria um povo, mas não especificamente indivíduos. Isso é como escolher uma empresa, mas não se importar com quem estará dentro dela.
Essa doutrina acaba descaracterizando a vontade de Deus, fazendo-o parecer uma força impessoal, um sistema que selecionou alguma coisa sem desejar ter um relacionamento com o escolhido. Neste caso, as pessoas no Antigo Testamento não importavam, eram meros números. Precisamos corrigir algumas coisas nesse pensamento.

A doutrina da eleição de Deus não é uma invenção do Novo Testamento; ela já se manifestava lá nos dias antigos, quando o Senhor revelou Sua soberania sobre todas as coisas e, de maneira graciosa, chamou aqueles que Ele desejava.

Há quem defenda que a eleição divina é apenas corporativa, como se Deus estivesse escolhendo um grupo sem distinguir pessoas individualmente. Mas o Antigo Testamento nos mostra que Deus sempre agiu de forma particular com os Seus eleitos, os chamando pelo nome, como um pai que conhece os filhos desde antes de nascerem.

Pegue o exemplo de Abraão. Lá em Gênesis 12, Deus chama Abraão especificamente: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. Abraão não era simplesmente mais um dentre um grupo; Deus o escolheu individualmente para ser o pai de uma grande nação. E note: essa escolha de Abraão não foi baseada em suas obras ou em seu mérito. Na verdade, ele era apenas mais um homem em Ur dos Caldeus. Mas Deus o chamou, pessoalmente.

Outro exemplo claro está em Jacó e Esaú. Em Romanos 9, Paulo se refere ao episódio em que Deus escolhe Jacó e rejeita Esaú antes mesmo de terem nascido, “para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por obras, mas por aquele que chama” (Romanos 9:11). E se olharmos para Gênesis 25, vemos que Deus já havia dito a Rebeca que “o mais velho servirá ao mais novo”. Jacó foi escolhido antes de qualquer ação ou decisão pessoal; sua eleição era individual, conforme o plano soberano de Deus.
Vamos para Moisés. Ele também foi escolhido pessoalmente, chamado na sarça ardente, em Êxodo 3. Deus sabia quem era Moisés e, de forma muito particular, o separou para liderar o povo. Moisés não foi escolhido como parte de um grupo anônimo. Deus o chamou pelo nome e o capacitou para uma tarefa específica.

Agora, veja que interessante: até no livro de Jeremias temos essa ideia de escolha individual. Deus fala ao profeta: “Antes que eu te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jeremias 1:5). Não é uma chamada corporativa; é uma eleição particular, pessoal, de Jeremias.


Então, fica claro que a eleição individual sempre esteve presente no plano de Deus. Ele age conforme Seu propósito soberano, e essa escolha nunca foi baseada em algo que o ser humano pudesse fazer. E aqui entra a beleza da graça: ninguém pode dizer que mereceu ser escolhido. O próprio Jesus disse aos discípulos: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (João 15:16).
Quando alguém defende uma eleição puramente corporativa, perde a dimensão dessa graça particular, dessa misericórdia que vem até nós como indivíduos. A Bíblia nos mostra um Deus que conhece cada ovelha pelo nome, que escolhe e chama aqueles que Ele quer salvar.

Agora, pensando em tudo isso: como você vê a graça de Deus agindo na sua própria vida? Será que conseguimos identificar momentos em que o Senhor, de maneira pessoal, nos chamou para caminhar mais perto dEle?

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