O mínimo que você precisa saber sobre as novas traduções da Bíblia Sagrada

O mínimo que você precisa saber sobre as novas traduções da Bíblia Sagrada

Você, com certeza, tem dúvidas sobre as novas traduções da Bíblia. A cada ano, surge uma nova tradução que promete ser mais "fiel aos originais" do que a anterior. Mas o que está por trás dessa quantidade exagerada de atualizações? Como isso começou a acontecer e por que você precisa ficar atento ao que estão fazendo com a Palavra de Deus? É sobre isso que vamos conversar agora.
Se perguntarmos a um teólogo renomado e experiente sobre o motivo de apoiar as novas traduções da Bíblia, é provável que ele mencione a linguagem mais contemporânea utilizada nessas versões. No entanto, eu acredito que esse argumento não é suficiente para justificar a quantidade excessiva de atualizações que vemos a cada ano. É importante que fiquemos atentos ao que está por trás dessas novas traduções e por que elas podem apresentar problemas.

Antes de analisarmos as razões pelas quais rejeitamos algumas dessas novas traduções, é importante entender o que está envolvido no processo de tradução e como isso pode afetar a mensagem transmitida pela Palavra de Deus.

Suponha que um famoso rei tenha deixado uma carta muito importante para todos do reino antes de morrer numa guerra. Assim que o rei morre em combate, a carta é lida a todo o reino e impressa para que as pessoas possam ter uma cópia em casa e ler para seus filhos, netos, etc. Com o passar dos anos, o reino se desenvolve e outros reis assumem o trono, mas a carta é sempre copiada e distribuída com a mesma mensagem original. Podemos afirmar categoricamente que essa carta é uma nova impressão de uma mensagem antiga e original. Vamos colocar uma mensagem nela para que fique mais fácil entender o resultado final. Na carta, o rei escreveu a seguinte frase: "NÃO AMEM AS RIQUEZAS, AMEM UNS AOS OUTROS E PROTEJAM O POVO DO NOSSO REINO" (pronto, genérico, mas ilustrativo).

Com o tempo, surgiram dois grandes tradutores e editores da carta do rei. Talvez existam outros, mas esses são os maiores tradutores da carta. A versão do primeiro editor prefere traduzir a carta de forma mais contemporânea, por isso, ao abrir a carta, você lerá: "Não amem o dinheiro [o status ou as riquezas], amem uns aos outros e protejam o povo do nosso reino". Podemos considerar que houve alguma mudança em relação à quantidade de palavras, mas a mensagem é exatamente a mesma, atualizada para a nova geração de pessoas. Comparando, é a mesma mensagem escrita pelo rei antes de morrer em batalha.
O segundo editor preferiu manter exatamente o que foi escrito, mudando apenas um termo para facilitar a leitura moderna. Na nova versão, o rei escreve: “Não amem as riquezas ou o dinheiro, amem uns aos outros e protejam o povo do nosso reino” - a mesma mensagem, mudando apenas o termo “riquezas”, que para a geração atual não faz sentido, para "as riquezas ou o dinheiro" que pode ser melhor compreendido pelas pessoas do reino.

Isso permaneceu por quinhentos anos, sempre usando as mesmas traduções. O texto é importante para todo o reino e, por isso, os editores foram fiéis ao que estava na primeira carta escrita pelo rei. Podemos dizer que não existe mais o texto original, mas cópias recentes derivadas diretamente da carta original.

No mesmo reino, há dois séculos, um grupo de pessoas que não gostava do rei começou a fazer cópias da carta. Entretanto, essa ideia não obteve sucesso, e muito do que foi editado por esse grupo de pessoas foi abandonado sem ter sido vendido ou usado para fazer novas cópias. Esses detalhes passaram despercebidos pelas autoridades do reino, pois não desconfiavam que esse grupo seria capaz de tal artimanha. Esse grupo de pessoas pegava o texto original e, a partir dele, criava cópias com mensagens modificadas. Além disso, criaram outras cartas com mensagens estranhas que supostamente traziam ensinamentos secretos do rei antes de morrer em batalha. Os reis que governavam sabiam da existência dessas cartas, mas estavam tão ocupados com seus afazeres que não se preocupavam em verificar o que estava acontecendo. Por isso, muitas cartas foram escritas contradizendo até mesmo o que o antigo rei havia escrito ou acreditava ser verdadeiro e fiel.
Essa estratégia não durou muito tempo. Apesar do crescimento inicial, o grupo não conseguiu se sustentar com suas falsas cópias da carta e acabou caindo em descrédito. Pararam de copiar as cartas e tudo ficou guardado em um antigo casarão onde se reuniam. Até que um dia, um pesquisador passando por uma região isolada avistou o casarão abandonado e ficou curioso para saber o que havia dentro. A casa estava em ruínas, mas era possível notar que havia um porão embaixo dos escombros, protegido por uma pequena porta. O pesquisador não hesitou e em cinco minutos estava descendo a escada apodrecida para entrar no porão sujo e escuro.

Após acender sua lanterna, o pesquisador ficou atordoado, espantado com o que viu. Conta-se que anos depois, ele enlouqueceu devido a essa descoberta. Em uma estante antiga, encontrou fileiras de pergaminhos antigos, todos em perfeito estado! Era uma descoberta tão impressionante e mística que ele não conseguiu resistir, pegou todos os pergaminhos que pôde carregar, colocou-os em seu carro e partiu. O pesquisador, desesperado para sair do local, não percebeu que estava no antigo casarão onde os inimigos do rei se reuniam. Eles copiavam o texto original de forma errônea e produziam cartas com mensagens estranhas.

Ao analisar os pergaminhos, o pesquisador constatou que eram muito antigos, com pelo menos 200 anos de idade, e traziam mensagens atribuídas ao rei. Curiosamente, os pergaminhos variavam em conteúdo e tamanho, alguns contavam a "vida" do rei antes da guerra. Os achados eram tão impressionantes que rapidamente uma centena de pesquisadores se juntaram para ler, comparar e catalogar os documentos. Um dos pergaminhos mais antigos e bem conservados trazia a seguinte frase: "Amem-se o tempo todo, protejam todos os povos da terra"; outro dizia: "Amem o dinheiro para amar as pessoas".

Com o tempo, os pesquisadores, fascinados com os achados, começaram a questionar a autenticidade da carta que sempre circulou pelo reino, bem como as editoras que vendiam cópias. Ao mesmo tempo, algumas pessoas que conheciam o movimento antigo e contrário ao famoso rei ficaram sabendo e começaram a patrocinar uma campanha para deixar as edições da carta do rei mais fiéis aos originais antigos, mas o que queriam era distorcer a verdadeira mensagem do rei. No entanto, como convencer a maioria das pessoas no reino de que aquela nova versão era mais fiel do que a versão tradicional? Era ainda mais difícil com as mudanças que tinham notado nos pergaminhos antigos.

A primeira coisa que fizeram foi publicar em um jornal conhecido a grande descoberta arqueológica do século: centenas de pergaminhos, contendo o texto mais antigo e “fiel” ao famoso rei, foram encontrados, e curiosamente ele era diferente em alguns pontos daqueles que estavam acostumados a ler. “Imaginem que o rei não disse para não amar as riquezas”, disseram. “Ao contrário, o rei mandou amar a riqueza, pois ela fazia com que os pobres fossem alimentados!” Completavam alguns estudiosos.
 

O reino foi dividido devido aos achados mais recentes. Poucas pessoas foram investigar a informação que poderia mudar tudo. Descobrir a origem dos pergaminhos, os autores e a cosmovisão deles poderia resolver toda a questão. No entanto, os especialistas ficaram obcecados com a nova descoberta e não deram crédito ao que os poucos pesquisadores alertaram à população. Os pergaminhos foram aceitos pela academia e logo começaram a substituir os textos tradicionais.

Em seguida, foi lançada uma campanha de marketing, afirmando que era preciso atualizar a linguagem da carta para atender à nova geração. Começaram a dizer que a tradução tradicional era ultrapassada e difícil de compreender. A campanha foi um sucesso e em pouco tempo, todos estavam lendo e meditando na Nova Tradução Atualizada Transformadora. A carta, após ter sido atualizada, ficou assim:

“O amor às riquezas nos leva *[a amar uns aos outros e] proteger todo o mundo.”

Havia uma nota de rodapé informando que alguns pergaminhos traziam a frase “não amem o dinheiro” e que o trecho em destaque não constava nos melhores e mais antigos originais.

Você consegue entender qual é o maior problema na história do rei? Os textos mais antigos encontrados não trazem a mensagem original do rei. Embora sejam mais antigos, não foram copiados por seus seguidores, mas por seus inimigos. A história por trás dos textos "mais fiéis aos originais" não é muito diferente. De repente, começaram a aparecer pergaminhos por toda parte, escritos por pessoas estranhas, mas que receberam autoridade de documentos originais, mesmo contendo menos do que já circulava há séculos na Igreja. Mesmo que seus autores fossem pessoas místicas e os locais onde foram encontrados tivessem uma cosmovisão contrária à Bíblia.

Por que os achados mais recentes dos textos bíblicos não contêm Atos 8.37 ou parte do Evangelho de Marcos? Quem os copiou e por que não os incluíram? Embora sejam antigos, esses textos não foram escritos por Lucas (Atos), mas por algum copista que, por algum motivo, não quis incluir todo o texto.

O cânon mais antigo da história foi organizado por um gnóstico e não continha nada do Antigo Testamento e muito pouco do que foi escrito no Novo. Veja, essa é a Bíblia mais antiga do mundo, no formato em que estamos acostumados. Ela foi escrita por um herege que odiava o Deus descrito no Antigo Testamento e boa parte dos escritores do Novo. Será que podemos confiar nela, por ser a mais antiga do mundo? Obviamente não. Ele era um inimigo da fé.
Assim como na história, os textos tradicionais são sempre os mais copiados, por isso são sempre reescritos em um novo pergaminho quando o antigo fica muito gasto. Esses textos são considerados mais fiéis ao que o rei escreveu, embora estejam em um documento novo. Mas por que os pergaminhos encontrados mais recentemente não se estragaram? É porque foram desacreditados e abandonados até que alguém os encontrou. No entanto, se soubéssemos a história, os motivos e o caráter daqueles antigos escritores, aceitaríamos o texto como mais fiel? Claro que não! Mas por algum mistério, a nova crítica textual os aceitou e agora são vendidos como os mais fiéis dentre os pergaminhos já encontrados.

É por isso que rejeitamos as atualizações da Bíblia, pois não visam apenas tornar o texto mais acessível, mas sim alterar a base do texto e modificar, aos poucos, a mensagem do Evangelho. A ideia por trás dessas atualizações é muito maior do que simplesmente facilitar a leitura, eles estão aos poucos reduzindo a mensagem da cruz, tornando-a menos impactante. Se o objetivo fosse apenas tornar a leitura mais fácil, eles usariam a mesma base para isso, mas o que fizeram foi modificar muito a linguagem, utilizando pergaminhos estranhos em vez dos tradicionais e incluindo mensagens que desvalorizam os textos tradicionais. Foi assim que surgiram as novas traduções modernas da Bíblia Sagrada.

Antes de apoiar o texto crítico, é importante pesquisar melhor sobre sua origem e entender o que essas mudanças significam na prática.

Devair S. Eduardo
Palavras em Chamas

Revisão: ok chatgpt

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