Demonizando Deus

Demonizando o ser de Deus

Temos visto o crescimento enorme do humanismo secular dentro da teologia brasileira, quem sabe até mesmo mundial. Isto tem acendido uma batalha constante entre calvinismo e o dito arminianismo moderno, que, nada mais é do que o humanismo secular disfarçado de teologia. Os ataques contra a soberania de Deus e a sua livre vontade tem sido constantes, até mesmo uma versão menos soberana de Deus foi criada por esse movimento potencialmente perigoso para a fé cristã.

Nesta nova interpretação acerca da soberania de Deus, temos um ser que, apesar de poder fazer o que quiser, como vemos na Bíblia sagrada, se rebaixa aos delírios e vontades humanas. Tais delírios definem o destino de Deus, de modo que, Deus não pode escolher algo que o ser humano não concorde ou apoie. Estes inimigos são tão terríveis que lendo uma declaração assim negam com todas as forças, porém, analisando seus argumentos contra a teologia bíblica fica nítido o nível de blasfêmia entre eles.

Recentemente uma declaração não menos blasfema do que a que vamos analisar, tem circulado a internet numa denúncia contra o escritor José Gonçalves, que escreve o seguinte:
“Tudo quanto o homem faça, afeta não só a sua própria vida, mas também a vida de Deus na medida em que esta é dirigida ao homem” – caso não tenha percebido, o autor da Editora CPAD [Casa publicadora das Assembleias de Deus] disse que as ações do homem afetam a vida de Deus, como se Deus fosse alguém criado e que pode ser mudado de acordo com o Livre Arbítrio (que é uma espécie de deus dessa linha filosófica) humano. Não apenas isso, mas declarou com todas as letras que a vida de Deus é dirigida pelas ações do homem. Nada mais do que temos visto a muito tempo… isso ai foi publicado em: A fragilidade humana e a Soberania divina - O sofrimento e restauração de Jó - p. 26 - CPAD – 2020.

Pois bem, esse é o reflexo descarado do humanismo secular que invadiu a igreja. Ele tenta com todas as forças impedir que Deus seja Deus e assim, e como o autor acima disse, tenta a todo custo definir o que é a liberdade de Deus usando argumentos humanos e decaídos. Deus, de repente, se tornou incapaz e dependente do homem.
Dentro dessa batalha, contra a divindade de Deus, vemos ataques constantes contra o calvinismo, visão teológica que glorifica a Deus justamente por sua soberana e livre vontade, e, os argumentos contra o calvinismo se baseiam sempre na razão humana em relação às escolhas de Deus – caso você não tenha notado, esse movimento não condena o calvinismo, mas o fato de Deus ter tomado decisões sem se preocupar com a razão humana, algo como o que Paulo descreve quando ensina que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (1Co 1.18 acf).

Certamente o evangelho da cruz é loucura para aqueles que perecem, por isso eles pregam contra esse Deus; por exemplo: o evangelho não pode garantir a salvação, ele precisa apenas ser um caminho – logo eles não creem que Deus mantém aqueles que salvou; o evangelho não pode salvar aqueles que Deus quis salvar – logo eles ensinam que não há poder no evangelho, mas na decisão do homem em relação ao mesmo, e, é por isso que podemos considerar o “Livre Arbítrio” como o deus desse povo blasfemo e corrupto.

Enfim, quero ir direto ao ponto mais problemático para que você perceba quão perigoso é a visão humanista secular que hoje no Brasil se disfarça de arminianismo. Sabemos bem que esse movimento luta contra a soberania de Deus e apresenta constantemente argumentos contra Ele; fazem isso atacando o calvinismo para não ficar muito claro quem eles são. Quero analisar pelo menos um argumento deles contra as escrituras, isso mesmo, vamos fazer as perguntas que eles fazem ao calvinismo, aos textos bíblicos e entender quão demoníaco é esse movimento anti cristão.

O autor da obra patética chamada “O lado negro do calvinismo”, faz uma exposição da Confissão de Fé de Westminster, usando o capítulo 10, artigo 1 – onde é explicado que Deus salva aqueles que elegeu à salvação através da iluminação vinda pela pregação da Palavra e ação do Espírito Santo, momento em que o homem é regenerado e habilitado a crer em Jesus. O artigo torna claro que Deus não obriga nenhum eleito a aceitar a salvação, como fazem milhares de pastores arminianos por aí, antes, pela iluminação da nossa mente e transformação do nosso coração nos capacita a crer em Jesus. O autor em seguida faz a seguinte pergunta:
“Mas como é possível vir a Cristo “mui livremente”, quando de fato devemos ser “tornados dispostos” a vir? Uma vez que realmente entendemos o que significa para o Calvinismo ser “tornado, ou feito disposto”, é um absurdo dizer que uma pessoa vem livremente à fé em Cristo” (Reflexão – p. 181 – 2016).

Ora, vejam o nível de ousadia do autor. Ele acredita (ou tenta passar isso para nós) que está atacando o calvinismo quando questiona o fato de que Deus exige a fé de toda humanidade, mesmo daqueles que Ele escolheu à salvação, como se o ser humano pudesse exigir, de fato, satisfação à Deus sobre o que Ele vai ou não fazer. É basicamente o mesmo argumento usado pelo José Gonçalves na citação acima e tenta de alguma forma mostrar que na verdade o homem não precisa de Deus, mas Deus depende do homem para fazer alguma coisa.

Então, quer dizer que Deus não pode fazer com que creiamos livremente nEle aplicando em nós a fé? Ele está impedido de fazer isso, porque o George Bryson [autor do livro citado] acha que isso é injusto?! Vamos fazer o seguinte: Vamos pegar uma criança que morou em Sodoma pouco antes de ser destruída, e fazer a seguinte pergunta a ela: “Como pode Deus ter te destruído, junto com todos os moradores dessa terra maldita, sem ter levado em conta o que você pensa ou deseja?” - ou melhor, vamos resgatar uma mulher grávida da época do dilúvio e fazer a mesma pergunta: “Como Deus pode condenar você, grávida, e toda essa geração, sem levar em conta que vocês talvez pudessem ser resgatados como fez com Noé?”
O Deus da Bíblia, de repente, se parece com um demônio revoltado!

Ual! Jesus realmente condenou os fariseus ao inferno, em Mateus 23, sem nem mesmo explicar a eles com paciência o que estavam fazendo, alias, Jesus é muito cruel, pois sobre ele Marcos relatou que ensinava por parábolas para que algumas pessoas nunca compreendessem o seu ensino e com isso não se arrependesse de seus pecados! Veja isso na íntegra:

“10. E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da parábola. 11. E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, 12. Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados” (Marcos 4:10-12 acf).

Quando Jesus responde dessa maneira, está chamando para si o texto de Isaías 6, onde o profeta é chamado para fazer com que o coração do povo se endureça e assim sejam condenados pelos seus próprios pecados. Leia direto na sua Bíblia! Então, de acordo com o movimento humanista secular, o próprio Deus é um demônio, aliás, foi bem isso que um dos ídolos arminianos declarou, veja:
“Enquanto os defensores da eleição incondicional a entendem como uma expressão da grande bondade e misericórdia de Deus, os oponentes (tal como João Wesley [John Wesley]) a entendem como uma expressão de um Deus obscuro e escondido (o termo de Lutero para o lado de Deus que predestina alguns para o inferno) que se preocupa mais com sua própria glória do que o bem-estar de todas as pessoas” – livro Contra o Calvinismo, p. 163. Reflexão – 2013.

Vejam o nível do Roger Olson, questionar o próprio Deus como alguém que é mesquinho e se preocupa antes de tudo com a sua própria glória. Nas palavras do autor, Deus deveria se preocupar mais com o ser humano e menos consigo mesmo. Isso é uma verdadeira desgraça na teologia! Seguindo a mesma lógica dos ditos “arminianos” e isso inclui até mesmo o John Wesley (uma vez que o Olson disse que ele pensava assim) o fato de Jesus, na oração em João 17 ter pedido apenas pelos dele o torna insensível, obscuro e imoral – uma pessoa tirana. É esse tipo de lixo que muitos cristãos tem usado no púlpito sem perceber. Estão atacando a glória de Deus, achando que é contra o calvinismo que estão lutando. Isso precisa mudar.

O livro “O lado negro do calvinismo” continua insultando a Deus com seus argumentos demoníacos, veja o que ele disse na página 185:
“Assim, se a salvação ocorre, é porque esta é a vontade de Deus, e se não ocorre, esta não é a vontade de Deus. No entanto, traduzindo isso em termos dos eleitos do calvinismo, é certamente a vontade de Deus que eles sejam salvos tanto quanto é a Sua vontade que os réprobos sejam condenados” – que tipo de argumento contra Deus é esse? Será que satanás ousaria fazer isso ou o ser humano mesmo se rebaixou a um nível inferior a ele? Pois bem, vamos perguntar então ao próprio Deus o que ele pensa sobre isso:

“Deus, o Senhor, Soberano, exaltado e infinitamente superior a nós, estava onde quando satanás cercou o casal com argumentos contra a sua vontade?”;
“Certamente estava em todos os lugares, sou onipresente então não há um lugar onde eu não esteja – veja como Davi me adorou por isso em Salmos 139!”;
“Pois bem, se o Senhor estava em todos os lugares, se realmente é onipresente, por que deixou Eva ser tentada por satanás? E ainda mais, por que não quis fazer nada para que a humanidade não caísse do seu primeiro estágio?”;

Há algumas respostas possíveis para essa pergunta, vamos tentar algumas:
A – eu não pude, porque satanás era muito poderoso;
B – eu não pude porque a escolha humana é mais importante do que os meus planos;
C – eu não pude porque isso seria contrário ao livre arbítrio do homem, ele tem o direito de escolher a minha ira eterna;
D – eu simplesmente não quis fazer nada para mostrar posteriormente a minha salvação aos homens que criei e chamei.

Que decisão difícil para o humanista secular… negar a soberania de Deus, ou a dos homens? É exatamente isso que o movimento humanista secular faz na mente de centenas, talvez milhares de cristãos todos os dias. Vejam que quem demoniza Deus não é o calvinismo, antes eles estão glorificando a Deus por sua soberana vontade. O que torna Deus mau são as perguntas infundadas dos arminianos que tentam desesperadamente colocar Deus contra a parece numa tentativa de impor o seu ídolo “livre-arbítrio”.

Irmãos, qual é a decisão sensata ao constatar que a soberania de Deus é superior ao que nós imaginávamos? O que devemos fazer ao perceber que os planos de Deus não incluem tudo que a nossa vã filosofia ensina e o nosso senso de justiça declara? Precisamos tomar cuidado, as perguntas que fazemos a Deus também trazem algum peso sobre nós. Se Deus quiser fazer alguma coisa, quem o impedirá? Se ele decidiu escolher uns e salvar outros, quem pode mudar a mente do Senhor? Quem orienta a Deus para que ele tome alguma decisão? O homem? Nós não conseguimos guiar nem mesmo os nossos pensamentos! Como faríamos isso por Deus?

Aprendemos muito sobre a soberania de Deus, isso pode ser assustador as vezes, mas não é por isso que vamos mudar o Deus verdadeiro, pois até mesmo essa ideia pode trazer a sua ira sobre nós. Tenhamos medo dEle então? Sim e não, adoremos a Deus pois ele é soberano sobre todas as coisas, incluindo a nossa própria vida.

“A soberania de Deus é o livre exercício de sua suprema autoridade na execução e administração de seus eternos propósitos. Deus tem de ser soberano, se é realmente Deus. Um deus que não é soberano, não é Deus em nenhum sentido. Esse seria um impostor, um ídolo, uma mera caricatura formada na imaginação caída do homem […] Em parte alguma a soberania de Deus é mais claramente demonstrada do que na salvação dos perdidos. Deus é livre para outorgar sua misericórdia salvífica a quem lhe apraz. Ele diz: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Ex 33.19; Rm 9.15) […] Deus é soberano, e isso significa que ele é inteiramente livre para outorgar sua graça como bem quiser – a ninguém, a uns poucos, ou a todos”. Steven J. Lawson - Pilares da Graça, p. 29 – Fiel – 2013.

Devair S. Eduardo
Palavras em Chamas
 
 

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