O mundo é cruel - Doses de sabedoria #04

Doses de sabedoria #04


O mundo é cruel

Uma das frases mais conhecidas quando se refere à maldade do mundo que de certa forma devora o mais fraco em prol do mais forte, o mundo é bem um animal selvagem e aqueles que seguem esse estilo mundano acabam se tornando-se algo parecido. Porém no Reino de Deus essas coisas precisam ficar para trás e é sobre isso que Tiago trata no texto de hoje.

“O irmão que é pobre tem motivos para se orgulhar, porque é digno de honra. E o que é rico deve se orgulhar porque é insignificante. Ele murchará como uma pequena flor do campo. O sol quente se levanta e a grama seca; a flor perde o viço e caí, e sua beleza desaparece. Da mesma forma murchará o rico em todas as suas realizações.” (Tiago 1.9-11 – NVT)
Tiago trata de um assunto que muitos pastores hoje consideram complicado (pelos motivos errados…). É muito provável que, ainda que com tribulações, alguns irmãos fossem mais ricos que outros e isso aos seus olhos traria alguma vantagem fazendo com que os mais pobres se sentissem inferiores. Porém no Reino de Deus as riquezas terrenas não significam nada, Deus não olha para essas coisas e essa era uma verdade que precisava ser comunicada àqueles crentes.
Tal afirmação poderia ser vista como ofensiva e de fato Tiago não poupou palavras para transmitir a verdade ainda que isso os incomodassem, e nos dias de hoje essa mesma verdade pode ser um tanto ou mais ofensiva, mas olhando melhor para o seu conteúdo podemos aprender algumas coisas valiosas.
A primeira delas é que Deus não observa as nossas riquezas e isso é maravilhoso porque não temos nada a lhe oferecer, isso vale para ricos e pobres, então Tiago nos convida a nos gloriar naquilo que recebemos, na nossa maior riqueza. Creio eu que essa riqueza é de fato a salvação, é poder fazer parte ainda que não tendo o suficiente. Ah sim, nisso podemos nos gloriar, somos pobres, mas Deus nos deu um presente maior. Crente, caso você se sinta inferior diante dos homens, lembre-se que Deus o considerou suficiente para lhe confiar uma tesouro muito maior e muito mais valioso do que qualquer outro que se encontra na terra.

Jesus nos ensina sobre esse tesouro motivo de tamanho orgulho:
O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem achou e escondeu. Então, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mateus 13.44 – NAA)
Eis o nosso maior tesouro! E por ele nós largamos tudo! Consegue compreender o porque os mais pobres são tão agraciados quanto os ricos? Porque no Reino dos Céus nenhum tesouro terreno pode fazer nada, todos são iguais. Já o rico precisa justamente se livrar desses tesouros para compreender essas verdades, por isso Tiago afirma que ele é insignificante. Isso é necessário para que o nosso ego seja colocado no seu devido lugar, esse “se livrar” não se refere a doar ou vender tudo e sim retirar essas coisas do coração, fazer elas valerem menos do que o nosso ego gostaria que valesse. Sobre isso todos precisam concordar e se colocar na mesma posição; ricos e pobres são todos pobres.

A riqueza para o crente é muito mais perigosa, ele pode se sentir mais valioso e com isso achar que tem poderes aos quais Deus não o deu, a busca por qualquer riqueza pode ser um perigo para crentes, Jesus já ensinava que essa busca era parte do mundo e não das pessoas pertencentes ao seu reino. Sobre essa busca Spurgeon comenta: “...O homem conseguiu obter rapidamente dinheiro, mas os ricos caem mais facilmente na tentação e no laço do diabo. Um coração degenerado é uma das coisas mais horríveis que um homem pode ter”¹
Entenda que o único motivo de nos alegrarmos com toda certeza é de fato a nossa salvação, o fato de sermos escolhidos dentre muitos para receber a graça divina e poder participar do Reino de Deus, isso é maior do que tudo que possamos conseguir na terra, nos gloriaremos nisso. Então o que fazer com os ricos? Tiago resolve essa questão de forma fantástica.

O segundo ensino que Tiago nos passa nesses versos é que o rico não deve ver suas obras como algo digno de orgulho, ele compara suas obras como uma flor que vindo o sol a queima e perde toda sua beleza, em outras palavras ele lembra aos ricos que suas obras serão esquecidas, perderão a glória e eles mesmos serão como uma flor que com o passar do tempo murcharão e também serão esquecidos. Tal ensino não tem a intenção de condenar o rico, muito pelo contrário, Tiago aqui nivela todos por baixo. Se as obras e as riquezas do rico não são nada e passam como uma flor queimada pelo sol, o que é o rico? Pobre! Todos somos pobres e portanto podemos nos gloriar nas mesmas coisas.

“Uma voz disse: ‘Clame!’. Eu perguntei: ‘O que devo clamar?’. Anuncie que os seres humanos são como capim; sua beleza passa depressa, como as flores do campo. O capim seca e as flores murcham quando o Senhor sopra sobre elas; o mesmo acontece com os seres humanos”. (Isaías 40.6-7 – NVT)

Rico, não se deixe enganar, você é tão pequeno quanto o pobre ao qual talvez você se sinta superior. Não se esqueça de que Deus vê tudo que você faz e no tempo certo vocês terão de conversar sobre isso. Pobre, saiba que os padrões do mundo não são os mesmos usados por Deus, ele já lhe deu o maior presente que alguém pode receber, não deu a todos, mas a você sim, mesmo sendo pobre, mesmo não podendo fazer muita coisa para agradecer. Ricos e pobres são como a flor, não se esqueçam.

Referência externa:
1 – Milagres e parábolas do Nosso Senhor – Ed. Hagnos

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